O compositor Zé Vicente inicia o seu “Hino ao Divino”
cantando assim: “Presente tu estás desde
o princípio, nos dias da criação, Divino Espirito! És sopro criador, que a
terra fecundou e a vida no universo despertou!”. De fato! Já no início da
Bíblia se diz que “o Espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gen 1,2). Deus
cria, conserva e estimula a evolução de todo o Universo pela força do Espírito
Santo. Por isso também cantamos, baseados no Salmo 104,30: “Envia teu Espírito,
Senhor. E renova a face da Terra”.
O Espírito atua em Maria, no momento em que Jesus é
concebido nela. O anjo Gabriel anunciou-lhe: “O Espírito Santo virá sobre você
e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra “ (Lc 1,35). É uma “nova
criação”, que fecunda Maria e desperta a vida para a humanidade e a Terra!
O Espírito Santo atuou na missão de Jesus. Quando ele
começou a sua vida pública, tomou um texto do profeta Isaías que dizia: “O
Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para anunciar a Boa Nova
aos pobres” (Lc 4,18). Jesus traz para este sopro renovador do Espírito Santo,
desta vez como perdão que recria, cura, misericórdia, esperança, mensagem de
libertação. Assim canta novamente Zé Vicente: “Quando o espirito de Deus
soprou, mundo inteiro se iluminou. A
esperança na terra brotou, e o povo novo deu-se as mãos e caminhou”.
Maria não é somente a mãe de Jesus. Ela também faz parte do
“povo novo”, da grande família de discípulos missionários, que escutam sua
Palavra, cultivam no coração e a praticam (Lc 8,21). Desde o começo, quando ela
está grávida, e encontra Isabel. Sua parenta ficou “cheia do Espírito Santo”
(Lc 1,41). Maria também. Tanto que ela canta os louvores de Deus e proclama sua
justiça recriadora, em vista de uma nova sociedade. É o Hino que chamamos de Magnificat (Lc 1,46-55).
Por fim, depois da morte e da ressurreição de Jesus, Maria
está junto com a comunidade, preparando a vinda do Espírito Santo, que acontece
no dia de Pentecostes (At 1,18 e At 2,1). Então podemos dizer que Maria é
ungida pelo Espírito Santo, tanto como uma pessoa única, como também um membro
da comunidade, que soma com outros homens e mulheres. A anunciação e
Pentecostes são dois momentos fortes de uma bela história de vida. Começa no
silêncio e na intimidade de Nazaré. Manifesta-se como palavra, anúncio, força,
vigor na missão de Jesus e de sua comunidade. Maria é sempre assim: presença
viva e atuante, pela força do Espírito Santo!
Publicado na Revista de Aparecida, janeiro de 2019.
Imagem: Maria de Nazaré, no Filme "Jesus de Nazaré", de Franco Zefirelli