
Jesus
era obediente ao Pai. Não foi fácil, pois a vontade de Deus não era tão
evidente. Assim, ele passa longo tempo no deserto, preparando sua missão. Ali
vence todo tipo de tentação, o que fortalece suas convicções (Lc 4,1-13). Jesus
se retira em oração, antes de tomar decisões importantes, como para escolher os
dois apóstolos (Lc 6,12s). Quando
percebe a possibilidade real da morte na cruz, vive uma grande luta interior, a
ponto de suar como sangue: “Pai, afasta de mim este cálice. Mas que seja feita
a tua vontade (Lc 22,42-44). Jesus aprendeu a obedecer (Hb 5,8). Foi um
processo de toda a vida.
Porque
Jesus vive nesta intimidade com o Pai, é livre diante das leis religiosas e
civis do seu tempo. Parece desobediente. Jesus denuncia que muitas dessas
determinações legais escravizavam as pessoas e não expressavam a vontade de
Deus. Assim, ele come e bebe com pobres e pecadores (Mc 1,15-17), o que
escandaliza os escribas e fariseus. Cura no sábado, o que não era permitido (Mc
3,1-5). Deixa seus discípulos tomarem as espigas de trigo para comer, nesse
dia. Proclama: “o sábado foi feito para o homem, o não o homem para o sábado”
(Mc 2,27). Questiona o excesso de ritos de purificação: “o que torna impuro é
aquilo que sai do coração humano” (cf. Mc 7,1-23). Diz que a oferta da pobre
viúva era a mais preciosa! (Lc 21,1-4). Valoriza as mulheres, a ponto de
incorporá-las com suas seguidoras e colaboradoras, o que não era normal (Lc
8,1-3).
A
obediência de Maria não era a atitude passiva de uma mulher submissa. Na
anunciação, ela responde com vigor ao convite de Deus. Visitar Isabel é uma
atitude corajosa, pois as mulheres não podiam viajar sozinhas. Durante muitos
momentos da vida, ela busca o sentido dos fatos para descobrir o que Deus lhe
falava (Lc 2,19.51). Ser obediente à Deus lhe traz muita alegria, como ela
expressa no seu cântico de louvor (Lc 1,47). Mas também conflito e dor, como uma
espada que corta o coração (Lc 1,35). Maria acompanhou Jesus, e aprendeu muito
com ele, durante sua vida pública.
Como Jesus, também ela aprendeu a obedecer.
Que Maria nos ensine esta obediência ativa, dinâmica e participativa.