Pedro era pescador e se chamava Simão. Vivia em torno do
Lago de Genesaré, que era tão grande, a ponto de ser chamado de “Mar da
Galiléia”. Logo que começou sua missão, Jesus o chamou, junto com outros três
companheiros de jornada (Mc 1,16-20). E eles, abandonando tudo, o seguiram. Tornaram-se
“discípulos”, aprendizes do mestre Jesus, na escola da vida. Pedro tinha uma
personalidade forte. Homem decidido, falava as coisas com clareza e sinceridade.
Mas era lento para compreender tudo o que Jesus lhe ensinava (Lc 9,45). Certa vez,
Jesus perguntou quem ele era, para além do que os outros diziam. Pedro respondeu
com firmeza: “Você é o Cristo” (Mc 8,27-29)!. E Jesus o parabenizou, por ter
dito isso, inspirado por Deus (Mt 16,17). O mestre logo alertou que, se as
coisas continuassem como estavam, ele deveria sofrer e até ser assassinado
pelas autoridades judaicas. Então, Pedro “escorregou” na fé, e não aceitou isso
de forma nenhuma. Como podia o ungido de Deus passar por tamanha provação? Em
resposta Jesus o censurou, mostrando que tais pensamentos não eram de Deus (Mc
8,33).
Este homem tão corajoso teve também seu momento de extrema
fraqueza. Foi justamente na hora que Jesus mais precisava dele. Com medo de ser
condenado, Pedro negou a Jesus três vezes. Depois se arrependeu, e desatou a
chorar (Mc 14,66-72). E Pedro aprendeu com o erro. Depois da ressurreição de
Jesus, ele e os outros discípulos enfrentaram as autoridades judaicas, sabendo
do risco que corriam. Quando lhes proibiram de falar ou ensinar em nome de
Jesus, Pedro e João responderam: “Não podemos calar a respeito daquilo que
vimos e ouvimos” (At 4,21). Juntamente com Paulo, ele se tornou a principal
liderança na origem da Igreja.O caminho traçado por Maria se cruza com o de Pedro. Como ele, Maria recebeu um chamado divino e respondeu logo, com prontidão (Lc 1,28.38). Embora vivesse tão pertinho de Jesus, ela não compreendia logo tudo o que Jesus falava e fazia, como aconteceu no desencontro no Templo (Lc 2,50). Por isso mesmo, Maria conservava os fatos no coração e meditava sobre o seu sentido (Lc 2,51). Por um bom tempo, Maria foi a educadora de Jesus, junto com São José. Quando o filho se torna adulto e começa a anunciar o Reino de Deus, Maria se faz discípula, aprendiz. Faz parte da comunidade dos seus seguidores, da qual faziam parte Pedro, os outros discípulos e algumas mulheres (At 1,14).
Mas, onde está a grande diferença em relação a Pedro? Na hora mais difícil da Cruz, Maria não fugiu. Permaneceu de pé, com o discípulo amado e outras mulheres (Jo 19,25). Perseverou na fé. Enquanto Pedro era o líder da comunidade, Maria era a mãe (Jo 19,26) e guia, que recordava aos discípulos: “Façam tudo o que ele lhes disser” (Jo 2,5)
Ambos são exemplos de vida para nós. Pedro aprendeu com os acertos e erros e deu a volta por cima. Assim, animou e dirigiu a comunidade cristã. Maria não vacilou. Renovou constantemente o seu “sim” no correr da vida e como nossa mãe, acolhe-nos ternamente na Família de Jesus.
(Material de uso popular - Publicado na Revista de Aparecida, junho de 2014)