quarta-feira, 17 de abril de 2019

Maria e a ressurreição de Jesus


Como Maria viveu a experiência da ressurreição de Jesus? Os evangelhos não falam diretamente sobre isso. Podemos imaginar, e com razão, que Maria experimentou os mesmos sentimentos dos outros seguidores de Jesus. Com uma intensidade maior, pois ela é ao mesmo tempo a mãe do Messias e o exemplo dos discípulos-missionários de Cristo.

Todos aqueles que acompanharam Jesus durante a vida pública ficaram muito tristes com sua morte. Passaram pela noite escura da fé. As esperanças tinham sumido, como água que escorre pelas mãos. Diziam os discípulos de Emaús: “Nós esperávamos que ele fosse o libertador. Mas nossos chefes o entregaram à morte” (Lc 24-20-21). Então, aconteceu algo totalmente novo, que nunca houve antes: Jesus venceu a morte e estava vivo! (Lc 24,5). Não era a reanimação de um cadáver, pois um dia este morreria de maneira definitiva. O ressuscitado é o mesmo Jesus de Nazaré, mas com um corpo glorificado. Por isso, só é reconhecido à luz da fé (Jo 21,1-12).

Certa vez, os discípulos estão reunidos de portas fechadas! Eles temem sofrer o que Jesus passou! Então o Cristo ressuscitado vem ao encontro da comunidade e fica no meio deles, bem pertinho (João 20,19-22). Experiência semelhante vivem as mulheres que seguiam Jesus: Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago (Lc 24,1-10). E Madalena, de forma especial, é a primeira anunciar que Jesus está vivo! (Jo 20,11-18).  Olhe a mudança que acontece com eles.
- Se antes tinham medo, agora se revestem de coragem. Enfrentam as autoridades religiosas e políticas (At 4,8-13). Embora ameaçados, eles se negam a obedecer aos chefes judeus. Diz Pedro: “Não podemos nos calar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20).
- Quando Jesus morreu, eles ficaram com o coração perturbado. Era muito difícil viver agora sem o mestre que lhes ensinava um novo jeito de viver. Então, Jesus ressuscitado lhes dá a paz, a serenidade. E sopra sobre eles o Espírito Santo, a presença permanente que anima, fortalece, ilumina, pacifica o coração, e os envia para a missão.
- Por fim, a tristeza dá lugar a uma grande alegria. Um contentamento que não passa! No lugar das lágrimas nos olhos, do choro incontido, agora vem o sorriso nos lábios e o brilho no olhar.

A mãe de Jesus viveu tudo isso. Ela, que concebeu, deu à luz, educou e acompanhou Jesus, sofreu muito com a sua morte violenta. E quando Cristo ressuscitou, Maria teve a certeza que valeu a pena ter se consagrado a Deus. Sua coragem foi fortalecida. Ela passou da tristeza à alegria profunda. E com os doze apóstolos e outras mulheres, Maria recebe o Espírito Santo (At 1,14. 2,1). Que Maria, testemunha da ressurreição, no ensine a viver como novas criaturas, renovadas pela ação transformadora da Graça (2 Cor 5,17). Amém.

sábado, 6 de abril de 2019

Maria e os dons do Espírito Santo

O Espírito Santo concede sete dons aos fiéis: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor a Deus. Esta lista está baseada em Is 11,2: E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor”. A estas se acrescenta a justiça (Is 11,3-4).

Por que são dons? Deus nos dá gratuitamente, como sementes, e devemos desenvolvê-los. Com a sabedoria distinguimos o que favorece ou prejudica o projeto de Deus. Assim, buscamos não as vantagens individuais, mas o Bem da Vida de toda a criação e dos seres humanos. A Inteligência e a ciência são os dons de entender e interpretar os sinais da presença de Deus nas situações humanas, em meio aos conflitos familiares, comunitários, sociais e políticos. Assim, captamos a relação entre nossa vida e a Palavra de Deus. Compreendemos a realidade para além das aparências. Entendemos as verdades reveladas por Deus. A consequência destes dons é o Conselho. Quem sabe discernir caminhos e opções tem condições de orientar as pessoas que precisam de luz para tomar as decisões acertadas.

Maria de Nazaré recebeu e cultivou esses quatro dons. Depois de pensar, refletir e questionar, aceitou ser a mãe do salvador. Com sabedoria, ciência e inteligência viu os riscos e as dificuldades de sua opção. Em Caná, percebeu a situação e deu o conselho certo para os servidores da festa.
Maria mostrou que tinha o dom da Fortaleza, quando perseverou na hora da cruz, junto com outras mulheres e São João. Ela não fugiu, nem se escondeu. Resistiu  com firmeza!

Os dons da piedade e do temor a Deus também vem juntos. O Espírito Santo nos dá o desejo de amar e de servir a Deus com alegria. Temor não significa o medo infantil de ser castigado, e sim o respeito à grandeza e ao mistério de Deus. Quem teme a Deus, é compreensivo com a pessoas, pois é o primeiro a reconhecer a misericórdia e a bondade do Senhor.

Maria viveu no respeito a Deus. Isso aparece no seu cântico (Lc 1,46-56), no qual exalta a grandeza do Senhor, reconhece que Ele olhou para sua serva com carinho. Proclama que Deus é justo para com os pobres e misericordioso para com todos. Durante sua vida, Maria cultivou a piedade Rezou e atuou. Serviu a Deus com alegria e se consagrou totalmente a Jesus e ao Reino.

Que nós também, inspirados em Maria, acolhamos os dons do Espírito Santo. Amém!