Mostrando postagens com marcador Maria na América Latina. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Maria na América Latina. Mostrar todas as postagens

domingo, 31 de maio de 2009

Maria no documento de Aparecida

Apresentamos aqui uma síntese simplificada dos principais textos sobre Maria na Quinta Conferência dos Bispos da América Latina e Caribe, que aconteceu em Aparecida, em 2007. Os subtítulos são nossos, bem como a aproximação de temas semelhantes. É importante conhecer este documento, que orienta a caminhada da Igreja em nosso continente.

Introdução
Com a luz do Senhor ressuscitado e com a força do Espírito Santo, nós os bispos da América nos reunimos em Aparecida, Brasil, para celebrar a V Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe (…) Maria , Mãe de Jesus Cristo e de seus discípulos, tem estado muito perto de nós, tem-nos acolhido, tem cuidado de nós e de nossos trabalhos, amparando-nos, como a João Diego e a nossos povos, na dobra de seu manto, sob sua maternal proteção. Temos pedido a ela, como mãe, perfeita discípula e pedagoga da evangelização, que nos ensine a ser filhos em seu Filho e a fazer o que Ele nos disser (cf. Jo 2,5).
(141) Maria é a imagem da conformação ao projeto trinitário que se cumpre em Cristo. Ela nos recorda que a beleza do ser humano está toda no vínculo do amor com a Trindade, e que a plenitude de nossa liberdade está na resposta positiva que lhe damos.

Leitura de Cenário: A religiosidade popular
(18) Em nossa cultura latino-americana e caribenha conhecemos o papel que a religiosidade popular desempenha, especialmente a devoção mariana, contribuindo para nos tornar mais conscientes de nossa comum condição de filhos de Deus e de nossa comum dignidade perante seus olhos.
(43) O Valor incomparável do ânimo mariano de nossa religiosidade popular reside em fundir as histórias latino-americanas diversas na mesma história compartilhada, que conduz a Cristo, Senhor da vida, em quem se realiza a plenitude da vocação humana.

Devoção Popular e Maria
(261) A piedade popular penetra a existência pessoal de cada fiel. Nos diferentes momentos da luta cotidiana, muitos recorrem a algum pequeno sinal do amor de Deus: (..) um rosário, (..) um olhar a uma imagem querida de Maria...
(262) A fé encarnada na cultura pode penetrar cada vez mais nos nossos povos, se valorizarmos positivamente o que o Espírito Santo já semeou ali.
(262b) A piedade popular é um ponto de partida para conseguir que a fé do povo amadureça e se faça mais fecunda. É preciso ser sensível a ela, saber perceber suas dimensões interiores e seus valores inegáveis. É necessário evangelizá-la ou purificá-la, assumindo sua riqueza evangélica.
(262c) Desejamos que todos, reconhecendo o testemunho de Maria e dos santos, procurem imitá-los. Trata-se de intensificar o contato com a Bíblia, a participação nos sacramentos e o serviço do amor solidário. Assim se aproveitará o rico potencial de santidade e de justiça social que há na mística popular.
(265) Nossos povos, com sua religiosidade característica se agarram no imenso amor que Deus tem por eles e que lhes recorda permanentemente sua própria dignidade. Também encontram a ternura e o amor de Deus no rosto de Maria. Nela vem refletida a mensagem essencial do Evangelho.
Nossa Mãe querida, desde o santuário de Guadalupe, faz sentir a seus filhos menores que eles estão na dobra de seu manto. Agora, desde Aparecida, convida-os a lançar as redes ao mundo, para tirar do anonimato aqueles que estão submersos no esquecimento e aproximá-los da luz da fé. Ela, reunindo os filhos, integra nossos povos ao redor de Jesus Cristo.
Evangelização inculturada
(300) Deve-se dar uma catequese apropriada, que acompanhe a fé já presente na religiosidade popular. Como: oferecer um processo de iniciação cristã em visitas às famílias, que as conduza à prática da oração familiar, à leitura orante da Palavra de Deus e ao desenvolvimento das virtudes evangélicas.
(300b) É conveniente aproveitar pedagogicamente o potencial educativo da piedade popular mariana. Um caminho educativo que, cultivando o amor pessoal à Maria, educadora na fé, nos leva a nos assemelhar cada vez mais a Jesus Cristo, e provoque a apropriação progressiva de suas atitudes.

Maria: peregrina na fé
(266) Maria é a máxima realização da existência cristã. Através de sua fé (Lc 1,45) e obediência à vontade de Deus (Lc 1,38), assim como por sua constante meditação da Palavra e das ações de Jesus (Lc 2,19.51), é a discípula mais perfeita do Senhor.
Interlocutora do Pai no projeto de enviar o verbo ao mundo para a salvação humana, com sua fé, Maria é o primeiro membro da comunidade dos crentes em Cristo e também a colaboradora no renascimento espiritual dos discípulos.
Sua figura de mulher livre e forte emerge do Evangelho, conscientemente orientada para o verdadeiro seguimento de Cristo.
Ela viveu toda a peregrinação da fé como mãe de Cristo e dos discípulos, na incompreensão e na busca constante do projeto do Pai.

Maria: mãe da Igreja
(267) Com Maria, chega o cumprimento da esperança dos pobres e do desejo de salvação.
- A Virgem de Nazaré teve uma missão única na história da salvação: concebeu, educou e acompanhou seu filho até a cruz.
- Desde a cruz Jesus Cristo confiou a seus discípulos, representados por João, o dom da maternidade de Maria, que nasce diretamente da hora pascal de Cristo (Jo 19,27).
- Perseverando junto aos apóstolos à espera do Espírito (cf. At 1,13-14), ela cooperou com o nascimento da Igreja missionária, imprimindo-lhe um selo mariano que a identifica profundamente.
- Como mãe, fortalece os vínculos fraternos entre todos, estimula a reconciliação e o perdão e ajuda os discípulos de Jesus Cristo a experimentarem como uma família, a família de Deus.
- Em Maria, encontramo-nos com Cristo, o Pai, o Espírito Santo e os irmãos.

Maria e a Igreja materna
(268) Como na família humana, a Igreja-família é gerada ao redor de uma mãe, que confere “alma” e ternura à convivência familiar. Maria, Mãe da Igreja, além de modelo e paradigma da humanidade, é artífice de comunhão. Um dos eventos fundamentais da Igreja é quando o “sim” brotou de Maria. Ela atrai multidões à comunhão com Jesus e sua Igreja, como nos santuários marianos. Por isso, como Maria, a Igreja é mãe. Esta visão mariana da Igreja é o melhor remédio para uma Igreja meramente funcional ou burocrática.

Maria: missionária e irmã nossa
(269) Maria é a grande missionária, continuadora da missão de seu Filho e formadora de missionários.
- Ela, da mesma forma como deu à luz ao Salvador do mundo, trouxe o Evangelho a nossa América.
- Em Guadalupe, presidiu com João Diego o Pentecostes que nos abriu aos dons do Espírito. São incontáveis as comunidades que encontraram nela a inspiração para aprender a serem discípulos e missionários de Jesus.
- Ela tem feito parte do caminhar de nossos povos, entrando no tecido de sua história e acolhendo as ações mais significativas de sua gente.
- Os diversos nomes e os santuários espalhados por todo o Continente testemunham a presença de Maria próxima às pessoas e, ao mesmo tempo, manifestam a fé e a confiança que os devotos sentem por ela. Maria pertence a eles, que a sentem como mãe e irmã.

Maria: imagem do seguidor de Jesus
(270) Quando se enfatiza em nosso continente o discipulado e a missão, Maria brilha diante de nossos olhos como imagem acabada e fiel do seguimento de Cristo.
Esta é a hora da seguidora mais radical de Cristo, de seu magistério discipular e missionário.
Maria e a Palavra encarnada
(271) Maria, que “conservava todas estas recordações e meditava em seu coração” (Lc 2,19.51), ensina-nos o primado da escuta da Palavra na vida do discípulo e missionário.
O Magnificat está tecido pelos fios da Sagrada Escritura. Em Maria, a Palavra de Deus se encontra em sua casa, de onde sai e entra com naturalidade. Ela fala e pensa com a Palavra de Deus; a Palavra de Deus se faz a sua palavra e sua palavra nasce da Palavra de Deus.
Seus pensamentos estão em sintonia com os pensamentos de Deus, seu querer é um querer junto com Deus. Estando intimamente penetrada pela Palavra de Deus, ela chega a ser mãe da Palavra encarnada (JP2).

O rosário
(271b) Esta familiaridade com o mistério de Jesus é facilitada pela reza do Rosário, onde: “o povo cristão aprende de Maria a contemplar a beleza do rosto de Cristo e a experimentar a profundidade de seu amor. Mediante o Rosário, o cristão obtém abundantes graças, como recebendo-as das próprias mãos da mãe do Redentor”.

Maria e a solidariedade com os pobres
(272) Com os olhos em seus filhos, como em Caná da Galiléia, Maria ajuda a manter vivas as atitudes de atenção, de serviço, de entrega e de gratuidade nos discípulos de Jesus.
- Ela indica a pedagogia para que os pobres, em cada comunidade cristã, “sintam-se como em sua casa”. Cria comunhão e educa para um estilo de vida compartilhada e solidária, em fraternidade, em atenção e acolhida do outro, especialmente se é pobre ou necessitado.
- Em nossas comunidades, sua forte presença enriquece a dimensão materna da Igreja e a atitude acolhedora, que a converte em “casa e escola da comunhão” e em espaço espiritual que prepara para a missão.
(524) A Igreja de Deus na América latina e no Caribe é sacramento de comunhão de seus povos, (..) é casa dos pobres de Deus. Maria é a presença materna indispensável e decisiva na gestação de um povo de filhos e irmãos, de discípulos e missionários de Jesus.

Orando com Maria
(553) Ajude-nos a companhia de Maria sempre próxima, cheia de compreensão e ternura.
- Que ela nos mostre o fruto bendito de seu ventre e nos ensine a responder como ela fez, no mistério da anunciação e encarnação.
- Que nos ensine a sair de nós mesmos no caminho de sacrifício, de amor e serviço, como fez na visita a sua prima Isabel, para que, peregrinos no caminho, cantemos as maravilhas que Deus tem feito em nós, conforme a sua promessa.
(554) Guiados por Maria, fixamos os olhos em Jesus Cristo, autor e consumador da fé e dizemos a Ele (..): “Fica conosco, pois cai a tarde e o dia já se declina” (Lc 24,29) (…) Fortalece a todos em sua fé para que sejam teus discípulos e missionários!
Ilustração: Ir. Anderson, msc.
Veja a versão integral no site do CELAM.