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segunda-feira, 23 de março de 2009

Dogmas: para que?

Era uma vez um lindo santuário, no alto da montanha. Para lá acorriam muitas pessoas, de diferentes povos, culturas e nações. Multidões de peregrinos, ao longo do tempo, foram pisando o chão da trilha que leva ao santuário. Tiraram o mato e abriram outros trechos. Aos poucos, foi se fazendo uma estrada, pois os peregrinos descobriram que, tão importante quanto a meta a alcançar, é o caminho que conduz a ela. A estrada até o santuário era muito bonita. Embora houvesse espinhos, poeira, lama e buracos, podia-se ver a beleza do sol no meio da serra, respirar o ar puro das plantas, deixar-se penetrar pelo verde intenso das copas das árvores e sentir odores de flores silvestres. Ao lado do caminho, tortuoso e belo, havia também precipícios e abismos.
Durante muito tempo os peregrinos iam ao santuário, pela estrada, a pé ou em lombo de burro. Os séculos se passaram e vieram os carros e ônibus. Devido a muitos acidentes, os encarregados do santuário colocaram acostamento, antiderrapantes, sinais luminosos para a noite, protetores e placas. Certamente, a estrada era perigosa, pois muitos haviam errado o caminho e despencaram no abismo. Mas a estrada permanecia fascinante. Então, alguns acharam que era muito arriscado deixá-la assim. Levantaram muros nas encostas, colocaram quebra-molas e fixaram mais placas para indicar o caminho.
Ficou difícil caminhar por aquela estrada. Ela perdeu a beleza e a praticidade. Novos povos que faziam a romaria não entendiam as antigas placas. Chamaram então técnicos para interpretar as placas, o que tornou o caminho mais difícil de ser percorrido. As autoridades do santuário passaram a se preocupar com os muros de arrimo, as placas, as explicações, as advertências sobre os perigos, e se esqueceram que o mais importante era a peregrinação. Perderam de vista que a estrada levava ao Santuário, lugar de encontro com o Deus que caminha conosco.
Então, alguns homens e mulheres iluminados perceberam o equívoco. Tiraram tudo aquilo que atrapalhava a estrada e deixaram apenas o que ajudava os romeiros. As pessoas voltaram a descobrir a beleza da estrada e a rezar pelo caminho. Mais gente passou a ir ao Santuário, e de lá voltava com o coração alegre e renovado.
Os dogmas são como placas que indicam o caminho de nossa fé. Foram criados para ajudar a comunidade eclesial a se manter no rumo do Santuário vivo, que é Jesus. Funcionam como balizas, sinalizadores, arrimos e proteção. Sua razão de ser consiste em sinalizar o caminho da fé, encarnada na atualidade. Trazem o passado até nós, mas não se detém nele. Os dogmas cristãos, se vistos de forma dinâmica, são uma valiosa colaboração para retomar as trilhas já traçadas, aprender com os acertos e erros e possibilitar uma compreensão atualizada da nossa fé.
Neste blog vamos fazer uma leitura atual dos dogmas católicos sobre Maria, a mãe de Jesus.

Texto: Afonso Murad, Maria toda de Deus e tão humana, Paulinas.
Gravura: Ir. Anderson, msc