Por mais que acreditemos na ressurreição e na vida eterna, a
morte nos dá medo. A menos que passemos por sofrimento demais no corpo ou na
mente, a gente deseja estender o tempo de vida o mais possível. Tantas mortes
acontecidas de forma violenta, devido a assassinatos, tragédias e ou doenças
graves, especialmente em pessoas mais jovens, nos causam indignação. Na Bíblia
se diz que uma pessoa é abençoada quando tem uma existência longa (Is 65,20). Mas
precisamos morrer, até para dar lugar para outros viverem na Terra. Assim, a
morte faz parte da vida. E cremos que nossa existência aqui na Terra é pequena,
se comparada com a Vida Eterna que Deus nos promete.
Jesus, nosso mestre e Senhor, veio para “que todos tenham
vida e vida plena” (Jo 10,10). Inaugurou o Reino de Deus, acolheu os pobres e
pecadores, curou doentes do corpo e da alma, trouxe uma mensagem de paz e de
fraternidade. O próprio Jesus foi vítima de morte violenta, provocada pelas
autoridades judaicas. Mas Deus fez de sua morte uma fonte de vida, pois “não
maior prova de amor do que doar a vida pelos outros” (Jo 15,13). Com a sua
ressurreição, o Cristo glorificado abriu um caminho novo para toda a
humanidade. Agora, a morte não tem a última palavra.
Na fé, temos a certeza que estaremos para sempre com Cristo,
na comunhão dos Santos. Seremos semelhantes ao Cristo ressuscitado (1 Jo 3,2).
Paulo nos diz: “quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor” (Rom 14,8).
Jesus é o primeiro que passou da morte para uma vida nova, glorificada, que não
termina nunca (1 Cor 15,20; Apoc 1,5.17). Como é vida eterna? Paulo explica
para os cristãos, usando umas comparações (Veja 1Cor 15,35-44). Os corpos
ressuscitarão em Cristo de maneira nova, cheios de luz e vigor, transformados.
Aqui a gente experimenta somente a semente. Os frutos, veremos depois.
Na festa da Assunção celebramos que Maria, a Mãe de Jesus,
foi totalmente assumida e transformada por Deus, ao final de sua existência.
Não sabemos com detalhes como isso aconteceu. Nos ícones orientais se
representa a “dormição de Maria”, com sua morte e entrega definitiva a Cristo.
Nos quadros ocidentais se pinta o túmulo vazio, cheio de flores, e ela sendo
elevada aos Céus. O que podemos afirmar é que Maria já experimenta a
ressurreição dos mortos com a sua pessoa inteira, de corpo e alma.
Ela viveu
totalmente para Deus, como mãe e discípula de Jesus, exemplo do cristão que
ouve, guarda e frutifica a Palavra (Lc 11,27-28), companheira dos discípulos
missionários e mãe da comunidade (At 1,14, Jo 19,26-27). Durante sua
existência, semeou somente coisas boas. Agora, junto de Jesus e dos santos e
santas, colhe os frutos transformados pela Cristo ressuscitado. Seu corpo
glorioso atesta que a promessa feita por Cristo já começou a se realizar na
humanidade! Essa é mensagem da assunção, que nos enche de esperança. Vale a
pena trilhar o caminho da Vida, da cooperação, da fé, esperança e caridade. O
que começa bem, terminará bem. Amém!