Os bispos do Continente latino-americano construíram uma
história original após o Concílio Vaticano II.
No Documento de Puebla (1979),
Maria é apresentada como Mãe da Igreja (DP 286-291), modelo dos fiéis e da
comunidade cristã (DP 292-299), referência para o serviço eclesial à sociedade
(DP 300-303). Ela nos conduz a Jesus. Enquanto peregrinamos, Maria será a mãe educadora da fé (LG
63). Ela cuida que o Evangelho nos penetre intimamente, plasme nossa vida de
cada dia e produza em nós frutos de santidade. Ela precisa ser cada vez mais a
pedagoga do Evangelho na América Latina (DP 290).
Puebla aponta os traços do perfil de Maria, que são orientam
homens e mulheres do nosso tempo. Dentre eles, citamos:
(a) Presença feminina, que cria o ambiente de família, o
desejo de acolhimento, o amor e o respeito à vida (DP 291);
(b) Fidelidade à palavra dada e companheira de Jesus em
todos os caminhos (DP 292);
(c) Doação generosa e
cheia de lucidez (DP 292);
(d) Cooperadora ativa e criativa, protagonista da história
(DP 293);
(e) Toda de Cristo e toda servidora aos homens e mulheres
(DP 294);
(f) Pessoa que articula a contemplação e a missão (DP 294).
Assim, Maria “desperta o coração do filho adormecido em cada homem” (DP
295).
Puebla retoma a afirmação de Paulo VI: “Maria é a discípula
perfeita que se abre à palavra e se deixa penetrar por seu dinamismo. Quando
não a compreende e fica surpresa, não a põe de lado; mas medita-a e conserva-a.
E quando a palavra lhe soa dura aos ouvidos, persiste no diálogo de fé com
Deus” (DP 296).
O Magnificat é espelho da alma de Maria. Neste poema a
espiritualidade dos pobres de Javé e o profetismo chega ao máximo (DP 297). Em
um contexto turbulento, marcado por estruturas que perpetuam a pobreza e a
marginalização social, Maria é modelo dos que não aceitam passivamente esta
situação e se empenham por mudanças (DP 297,302).
Meus irmãos e irmãs, que Maria nos anime a viver hoje a
dimensão social do Evangelho! Amém.