O evangelista Lucas nos conta que quando Jesus ainda era um bebê, com quase dois meses de vida, Maria e José foram ao templo de Jerusalém apresenta-lo Deus (Lc 2,21-38). Trata-se de um ritual do judaísmo, no qual o primeiro filho (primogênito) era consagrado ao Senhor. Esse gesto tão simples foi vivido por Maria e José com intensidade e inteireza. A ida ao templo significou a consagração comunitária deles a Deus. Eles assumiram a missão de amar e educar Jesus. E acompanhar seu desenvolvimento humano e espiritual, até que ele se tornasse adulto.
Ao mesmo tempo que Maria oferece Jesus ao Pai, ele também se oferece. Renova o seu “sim”, pronunciado na anunciação: “eis aqui a servidora do Senhor! Faça-se em mim segundo a Sua palavra” (Lc 1,18). Eis aí o seu dom, o mais precioso. No canto de ofertório da missa “Maria, mãe da Igreja”, se diz: “Sobe a Jerusalém, virgem oferente sem igual. Vai, apresenta ao Pai teu menino, luz que chegou no Natal”. E o final, proclama: “culto agradável a Deus é fazer a oferta do próprio coração”. Assim fez Maria.
Os pais se encantam com as crianças recém-nascidas. Cada movimento novo, cada descoberta, cada novo gesto, como dar um sorriso, reconhecer seu nome, mexer as mãos e os pés, é saboreado. Se você é pai ou mãe, avô ou avó, sabe como um bebê desperta em nós profundos sentimentos de cuidado, de atenção e também de preocupação. Ele vai crescer com saúde? O que será dessa criança? O que o futuro lhe reserva? Maria também deve ter provado esses sentimentos. Então, na apresentação ela reafirma sua confiança em Deus, para vencer o medo. E há motivos para temer.
No templo, Maria e José encontram o velho Simeão, que toma o bebê nos braços, louva a Deus e anuncia profeticamente que Jesus será o salvador de todos os povos. Mas, atenção! Ele também vai provocar conflitos. E a própria Maria vai sofrer com isso (Lc 2,33-35). Simeão abençoa o jovem casal! Como essa bênção foi bem-vinda, pois é a força de Deus que atua na gente. Por fim, Maria e José encontram a profetiza Ana, também idosa e sábia, que dá graças a Deus pelo nascimento de Jesus, o futuro libertador do povo (Lc 2,36-38).
Quando celebramos a festa de Apresentação, no dia 2 de fevereiro, recordamos o gesto de José e de Maria, de se oferecerem totalmente a Deus, para amar, educar e acompanhar Jesus. Também nós somos convidados a renovar a nossa consagração a Deus e a seguir Jesus com intensidade e inteireza. Amém.