Quando vemos alguém pela primeira vez, costumamos apertar
sua mão e dizer: “muito prazer” ou uma frase parecida. À medida que as pessoas
se tornam mais próximas, o gesto se
prolonga. Elas se olham, trocam sorrisos. Dependendo da região e da cultura
local, parentes e amigos se saúdam com um abraço ou beijo no rosto. Há abraços
e beijos meramente formais, de pessoas que nem se conhecem bem. Perigosos são
aqueles gestos fingidos, como o beijo de traição, que Judas deu em Jesus.
Existem abraços que vem do fundo do coração, a ponto de
substituir qualquer palavra. Abraço de sintonia na dor, quando alguém perde um
parente próximo. Abraço de contentamento, diante de uma vitória alcançada.
Abraço silencioso de amor e afeto, transmitindo ‘’estou ao seu lado, conte
comigo’. A expressão ‘abraçar’ também se aplica de forma simbólica, para
expressar um compromisso de vida. Assim, dizemos que Dom Helder Câmara “abraçou”
a causa da justiça, em defesa dos mais pobres.
Ser abraçado pelo amor de alguém é receber gratuitamente seu
afeto e sua atenção.
Maria de Nazaré, a mãe de Jesus, experimentou na sua vida
o grande abraço de Deus. É este o sentido da expressão “agraciada”, “cheia de
graça” e “encontraste graça diante de Deus”, na anunciação (Lc 1,28.30). O Senhor olhou
para ela com amor, preparou-a para a bela e desafiante missão de mãe e
educadora de Jesus. Como era uma pessoa inteira, que tinha consciência de ser
amada por Deus, Maria expandiu este amor muitas vezes com gestos carinhosos,
ternos e acolhedores. Você já imaginou o abraço que ela deu em Isabel, quando
as duas se encontraram? Durante sua vida, Maria deve ter abraçado e recebido
muitos abraços de José, seu fiel companheiro, e de Jesus. E não somente isso.
Em Caná, ela ‘abraçou’ a causa dos noivos em necessidade. Na cruz, recebeu o
terno abraço de João e ‘abraçou’ a nova missão de ser mãe da comunidade (Jo 19,26-27).
Há gente que abraça e quer reter para si. Em vez de laços de
afeto, lança correntes que aprisionam. Não é o caso de Maria. Durante sua vida
em Belém, em Nazaré e em Jerusalém, ela amava sem reter. Abraçava sem agarrar.
Um amor livre, despojado.
Hoje, na glória de Deus, Maria nos abraça
carinhosamente. Ouve nossos clamores. Compreende
nossas dores. Alegra-se com
nossas alegrias. Um abraço que tem o tamanho do mundo, pois se estende a todos.
Abraço que não segura ninguém para si, e sim nos entrega livremente nos braços
de Jesus, nosso mestre e Senhor.
Amém.
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