Quando proclamamos “Maria, mãe de Deus”, estamos dizendo, conforme o dogma, que ela é a mãe do Filho de Deus encarnado. Maria não se tornou uma deusa, nem entrou na Trindade. Mas, como Deus-Comunidade se comunica conosco através de Jesus e do seu Espírito, a maternidade de Maria diz respeito a cada pessoa divina na Trindade.
Em relação a Deus-Pai, Maria é uma filha predileta. Ela foi agraciada com ternura pelo Criador, que a moldou com especial carinho. Ao mesmo tempo, Maria concretiza, de forma humana, a eterna geração que o Pai realiza com o Filho, no seio da Trindade. Como toda mãe ou pai, ela é figura do amor criador de Deus-Pai.
Em relação a Deus-Filho, Maria é mãe, educadora e discípula. O seu relacionamento com Jesus supera os laços de família. Maria é mãe, mas sua missão vai mais além. Esteve junto de Jesus durante sua vida terrena e, agora, glorificada, continua junto do Filho ressuscitado, na comunhão dos Santos. Quando se diz, em alguns cantos, que Maria é “mãe do criador”, não se fala aí de Deus-Pai, mas do Filho de Deus, que participa também da criação (Jo 1,2s). Maria é mãe de Deus-Filho, feito homem em Jesus Cristo. Não é mãe nem de Deus-Pai, nem do Espírito Santo.
Maria é uma pessoa plena do Espírito do Senhor. Como perfeita discípula de Jesus, acolheu o Espírito Santo e fez-se transparente a ele. Tornou-se um templo vivo de Deus e se transformou, por Graça, na mãe do Messias. A docilidade ao Espírito Santo explica a maternidade biológica de Maria e o seu coração tão aberto a Deus. Alguns místicos chamam Maria de “esposa do Espírito”. Esse título deve ser entendido em sentido metafórico, para expressar a intimidade mística de Maria com o Espírito.
A Igreja é mãe como MariaQuando nascemos, somos acolhidos na comunidade cristã, que nos recebe como mãe. A Igreja-mãe gera novos filhos pela fé, pelo batismo e pelo testemunho de lutar pelo Bem. A comunidade nos nutre por meio da oração, da eucaristia e da vida fraterna. Nos pequenos grupos, sentimos o colo e o aconchego de mãe. Somos ajudados, ouvidos, valorizados e educados. No seio da comunidade temos oportunidade de crescer como seres humanos e filhos de Deus.
A “opção preferencial pelos pobres” é uma das formas mais claras de a Igreja mostrar que é mãe. Ela se volta para os filhos mais necessitados, que estão privados de direitos elementares e realiza um serviço eficaz para superar as causas da pobreza.
A “opção preferencial pelos pobres” é uma das formas mais claras de a Igreja mostrar que é mãe. Ela se volta para os filhos mais necessitados, que estão privados de direitos elementares e realiza um serviço eficaz para superar as causas da pobreza.
Desenvolver a dimensão materna em cada ser humano
Santo Ambrósio, no século quarto, dizia que cada cristão é mãe como Maria, pois gera Cristo no seu coração. Hoje, numa sociedade tão marcada pela violência, pelo egoísmo, pela dureza nas relações humanas, pela destruição do meio ambiente, precisamos desenvolver atitudes maternas, uns para com os outros, e para com todos os seres. Quanto mais cultivarmos a ternura, a intuição, o cuidado, a acolhida, o zelo pela vida ameaçada, mais estaremos realizando nossa dimensão materna. Isso vale para homens e mulheres. E Maria, nossa mãe, nos ajudará nesta tarefa.
O dogma da maternidade divina no diálogo ecumênico
A maternidade divina de Maria é o dogma que encontra mais consenso entre as Igrejas cristãs, pois tem base bíblica e foi formulado no Concílio de Éfeso, no ano 431. Para a Igreja ortodoxa, “Theotókos não é um título opcional de devoção, mas a pedra de toque da verdadeira fé na encarnação. Negá-lo é colocar em questão a unidade da pessoa de Cristo como Deus encarnado” (K. Ware). A pessoa e a vocação de Maria só podem ser compreendidos no contexto cristológico. E porque se reverencia a Cristo como O Senhor, no mistério da criação, redenção e recapitulação, considera-se Maria a mãe de Cristo Nosso Deus, como também a mãe universal, de toda a humanidade, doadora de vida para toda a criação.
Bem mais complexa é a posição dos protestantes. Lutero aceitava atribuir a Maria o título de “Theotokos” (literalmente: “parturiente de Deus”. E a “fórmula da concórdia” da Igreja luterana, em 1557, diz: “nós cremos, ensinamos e confessamos que Maria é justamente chamada Mãe de Deus e que o é verdadeiramente”. Posição semelhante assume Zwinglio: “Maria é justamente chamada, ao meu ver, genitora de Deus, Theotókos”. Já Calvino prefere falar de “Mãe de Nosso Senhor” (Cristotókos). Hoje, os teólogos reformados que aceitam o título Theotókos insistem que a maternidade divina de Maria deve ser que ser compreendida exclusivamente em relação a Jesus; não como privilégio humano, mas sim fruto da Graça de Deus. E que não se considere Maria como uma deusa.
A maternidade divina de Maria é o dogma que encontra mais consenso entre as Igrejas cristãs, pois tem base bíblica e foi formulado no Concílio de Éfeso, no ano 431. Para a Igreja ortodoxa, “Theotókos não é um título opcional de devoção, mas a pedra de toque da verdadeira fé na encarnação. Negá-lo é colocar em questão a unidade da pessoa de Cristo como Deus encarnado” (K. Ware). A pessoa e a vocação de Maria só podem ser compreendidos no contexto cristológico. E porque se reverencia a Cristo como O Senhor, no mistério da criação, redenção e recapitulação, considera-se Maria a mãe de Cristo Nosso Deus, como também a mãe universal, de toda a humanidade, doadora de vida para toda a criação.
Bem mais complexa é a posição dos protestantes. Lutero aceitava atribuir a Maria o título de “Theotokos” (literalmente: “parturiente de Deus”. E a “fórmula da concórdia” da Igreja luterana, em 1557, diz: “nós cremos, ensinamos e confessamos que Maria é justamente chamada Mãe de Deus e que o é verdadeiramente”. Posição semelhante assume Zwinglio: “Maria é justamente chamada, ao meu ver, genitora de Deus, Theotókos”. Já Calvino prefere falar de “Mãe de Nosso Senhor” (Cristotókos). Hoje, os teólogos reformados que aceitam o título Theotókos insistem que a maternidade divina de Maria deve ser que ser compreendida exclusivamente em relação a Jesus; não como privilégio humano, mas sim fruto da Graça de Deus. E que não se considere Maria como uma deusa.
Uma palavra iluminadora
A maternidade de Maria tem sua raiz na graça de Deus, que a contempla e a cumula de amor divino. Maria responde com inteireza ao convite divino, na fé e através da fé, tornando-se mãe e discípula de Jesus. Enquanto membro da comunidade-Igreja, ela exercita uma missão materna que é puro serviço e nada retém para si. Ela é nossa “mãe e companheira na fé”, no horizonte cristão. Sua maternidade a coloca, antes de tudo, na comunidade de seus irmãos e irmãs, que, ontem como hoje, enveredam pelo fascinante caminho do seguimento de Jesus.
Afonso Murad
Afonso Murad
60 comentários:
O título de Maria, Mãe de Deus nos ajuda a perceber o rosto materno de Maria!
O cristão muitas vezes se fundamenta numa mariologia mal explicitada, que sobre-exalta a divindade de Maria. Por isso, contemplar o dogma de Maria, Mãe de Deus, é adentrar-se na humanidade e atitude maternal de Maria. Isso nos faz perceber e tornar Maria tão próxima do ser humano, dado que a imagem de mãe é sempre muito profunda e toca o coração humano.
Por isso, ao contemplar Jesus e suas atitudes humanas no caminho de revelação do Reino de Deus, descobrimos a presença e os valores nele cultivados por Maria.
A maternidade de Maria nos insere, insere a humanidade toda numa relação de amor com a Trindade aos moldes da relação experimentada por Maria, ou seja, filhos prediletos, discipulos seguidores que ouvem a Palavra e a põe em prática e templos vivos do Espírito Santo. Nesta relação, em síntese, o plano da Salvação é realizado. É claro que tudo isso exige uma refelxão muito mais ampla. As implicâncias dessa relação devem ser expressas e explicitadas na vida de cada um, da humanidade toda e da criação.
O dogma da Maternidade de Maria, entendido na sua dimensão teológica, revela-nos que Maria é a mãe de Jesus, Deus e homem. Assim como não podemos separar a humanidade e a divindade de Jesus, embora haja distinção de humanidade e divindade, assim também não podemos separar a maternidade de Maria: ela não é mãe só da humanidade de Jesus, mas é mãe da pessoa de Jesus, por completo (se assim podemos dizer). É nesse sentido que afirmamos que Maria é Mãe de Deus, enquanto mãe do Filho de Deus Encarnado.
Infelizmente, alguns cristãos de outras denominações religiosas não compreendem essa dimensão da maternidade divina de Maria e fazem acusações aos cristãos católicos afirmando que o título “Mãe de Deus” coloca Maria acima de Deus. Isso não é verdade. Maria é Mãe de Deus Filho, que é Deus plenamente. Logo, a maternidade de Maria toca cada pessoa divina, porque são um só Deus. No entanto, em relação a Deus-Pai, Maria é uma filha predileta. Em relação a Deus-Filho, ela é mãe, educadora e discípula. Em relação a Deus-Espírito, Maria é templo do Espírito, abertura total. A beleza da maternidade divina de Maria está em lembrar-nos que somos todos chamados a uma relação pessoal e comprometida com Deus. Maria não é deusa: ela é uma como nós e é modelo de pessoa humana que se deixa tocar pela graça de Deus.
Victor de Oliveira Barbosa – Faculdade Dehoniana (Taubaté/SP).
“Maria é mãe de Deus-Filho, feito homem em Jesus Cristo. Não é mãe nem de Deus-Pai, nem do Espírito Santo.”
Para compreendermos a afirmação acima é preciso ter claro a relação de Maria com as pessoas da Trindade. A relação de Maria com o Pai é de filha predileta e agraciada pelo Pai (predileta no sentido de escolhida e não de privilegiada). Com o Filho é mãe, educadora e discípula (superando uma visão reducionista de apenas mãe). E com o Espírito ela é o Templo do Espírito.
Desta forma podemos perceber como Maria relaciona-se com a Trindade sem cair num erro maximalista de afirmar que ela faz parte da Trindade ou que é mãe da Trindade. Isso ajuda no nosso relacionamento com a Trindade, no qual Maria pode ser nosso modelo.
Maria não é a mãe de Deus Pai, mas é a mãe de Deus Filho. Por muito tempo foi nos passada uma Teologia pouco clara, onde víamos Maria quase como uma deusa. Uma Maria distante da realidade das pessoas que a buscavam.
Maria não é deusa e nunca foi deusa, mas agraciada por trazer o Filho de Deus em seu ventre. Maria foi uma mulher como tantas outras de sua época, com alegrias e sofrimentos. Buscava e louvava a Deus como as demais mulheres de seu tempo. É esta Maria que o nosso povo precisa conhecer. Talvez esta Maria que era uma mulher simples, transforme mais a vida do povo do que a Maria inatingível e incompatível com a realidade em que vivemos.
Maria é mãe de uma pessoa divina. Ela é a segurança da natureza humana de Jesus. Por ela, sabemos que Jesus é verdadeiramente um ser humano, e não meramente uma aparência humana. Por ela, sabemos que Jesus é verdadeiramente membro da espécie humana, situado num lugar determinado. Por isso, podemos afirmar que a maternidade divina de Maria vem assegurar que não há divisão entre a humanidade e a divindade de Jesus.
A beleza da afirmação da maternidade divina de Maria é que toda a reflexão é permeada pela antropologia, pela cristologia e pela eclesiologia, estas lhe dão a direção e o sentido. Não dá para pensar em mariologia sem estas conexões.
Diante desse texto teológico, explícito e rico pastoralmente, irei partilhar sobre a relação de Maria com o mistério da Trindade. Essa foi uma descoberta que me levou a pensar sobre o nosso tempo atual. Maria contribuiu na história da salvação através do seu sim. Ela permitiu que o verbo se encarnasse em seu ventre, logo, ela é filha predileta do Pai, mãe e discípula do Filho e Templo do Espírito Santo. A partir disso, afirmo que através do nosso sim, a exemplo de Maria, também somos prediletos, “capazes de gerar Cristo” e templos do Espírito Santo, para construir a nossa história com ternura, cuidado, intuição e zelo. Caso contrário, construiremos uma sociedade marcada pela violência e pelo egoísmo. Por isso, precisamos ser dóceis ao Espírito Santo para desenvolver atitudes maternas em todas as nossas relações.
Acredito que seja muito importante que compreendamos melhor os dogmas que falam de Maria, principalmente nos dias atuais até mesmo para que possamos ter uma fé mais madura e menos mágica. Em se tratando da maternidade de Maria, fica claro para nós que de fato Maria foi a mãe e educadora de Cristo, viveu com ele todas as relações de uma boa mãe com seu filho e convinha que assim fosse: experimentar em toda sua concepção e infância o que todos os homens experimentam.
Guardo ainda para este momento a frase de Agostinho que dizia: “A maternidade de Maria foi conseqüência da sua fé. E termino ainda escrevendo que Maria até mesmo na maternidade é modelo para que todos nós cristãos geremos Jesus para o mundo na cabeça, no coração e nas ações. Pois, ele mesmo nos diz: “quem é minha mãe e quem são meus irmãos? São todos aqueles que fazem a vontade de Deus. (cf. Mc 3,31-35).
Marcos César - Dehoniana
“Maria, mãe de Deus”, Maria não é instrumento passivo, ela dá o seu sim. Ela teve que ter um caminho de fé para ter coragem de dar o sim.
A consciência de fé teve necessidade de tempo para chegar a reconhecer esta verdade fundamental, que na Sagrada Escritura não é expressa formalmente e sob o título de “Mãe de Deus”. Esta nomenclatura já é encontrada no início do século III. O Dogma foi sancionado no Concílio de Éfeso (431), imprimindo um grande impulso para o desenvolvimento da fé Mariana. A Igreja antiga, ao proclamar esta verdade da fé, estava convencida de estar diante não apenas de uma caracterização essencial de Maria, mas de um momento essencial de todo o mistério de Cristo.
Segundo Bruno Forte: “O título “Mãe de Deus” se oferece como compêndio da fé no mistério central do cristianismo: Chamar Maria de “Mãe de Deus” significa exprimir no único modo adequado o mistério da encarnação de Deus feito homem. Exatamente nessa função, o título corresponde à verdade central do testemunho pascal da Igreja nascente e, por isso, se apresenta em profunda continuidade com a fé do Novo Testamento”.
Este título veicula, de forma densa e incisiva, a verdade da humanidade de Deus na encarnação, a dupla verdade, a saber, que o Filho de Maria é o Filho de Deus, verdadeiramente Deus, e que o Filho de Deus é o Filho de Maria, verdadeiramente homem. Maria é a Mãe de Deus enquanto seu Filho foi gerado desde a eternidade no seio do Pai e, por livre e gratuita escolha de amor salvífico, é gerado no tempo pelo seu seio virginal na plena humanidade assumida por ele.
Maria é Mãe de Deus porque, com sua própria carne, deu ao Verbo eterno de Deus uma natureza igual à nossa.
Por isto para se falar de dogmas deve-se ter prévio conhecimento de sua fundamentação. E o estudo deste assunto se faz de suma importância na vida de todo cristão, que deseja conhecer melhor a realidade de Maria, como mãe de Deus.
João Carlos Paschoalim de Castro – Faculdade Dehoniana
Taubaté – S.Paulo.
Sem dúvida, a reta compreensão dos dogmas nos coloca na direção de uma fé sã e libertadora: livre de dogmatismos enrijecidos que erroneamente conduzem ao subjetivismo e aberta à aplicação pastoral em todos os tempos.
O dogma da maternidade divina de Maria torna explícita nossa relação com a Trindade: Filhos de Deus, geradores de Jesus para o mundo e templos vivos do Espírito Santo. Acredito que a partir disso, fica mais fácil trazer a verdade de fé para a vida. Sendo Maria o protótipo da Igreja mãe, nós que somos Igreja temos a missão de gerar Cristo para a vida do mundo.
Fr. Sílvio - Faculdade Dehoniana
"Desde os tempos mais remotos, a Bem-Aventurada Virgem é honrada com o título de Mãe de Deus, a cujo amparo os fiéis acodem com suas súplicas em todos os seus perigos e necessidades". (LG 66). O dogma para ser entendido deve-se traduzir numa linguagem atual. Entendê-la como mãe do Filho de Deus encarnado e ao mesmo tempo como mãe de Deus constitui-se um dos desafios teológicos e pastorais sérios, pois não podemos perder de vista a teologia trinitária, a cristologia e a pneumatologia. Às vezes, para nós estudantes de teologia, parece simples. Porém, com o povo que trabalhamos de um modo geral, não é bem assim. Passar de uma visão de exaltação da figura de Maria para uma visão sensata, serena e mais realista, exige certo cuidado. Acredito que, através da leitura com a qual nos propõe este texto sobre o dogma Mãe de Deus, encontramos equilibradamente os passos para uma chave de leitura atualizante a fazer acerca de Maria.
É importante ter uma compreensão certa da pessoa de Maria. Acredito que as pessoas que não tem a oportunidade de estudar de maneira mais teológica a Mariologia terão mais dificuldade em compreender a maternidade de Maria, pois sempre se interroga se ela é ou não a mãe de Deus.
No texto fica claro que ela é a mãe do Deus Filho, que é o Jesus. Jesus Cristo é Deus porque participa da criação, por ser Um com o Pai, ...
Existe uma semelhança entre a maternidade de Maria e a maternidade da Igreja. Enquanto Maria acolheu o “fundador pobre e sofredor” Cf LG 8 (22) dessa Igreja em seu próprio seio dando-lhe todo afeto necessário, a Mãe Igreja também nos acolhe e nos oferece todo afeto necessário para que nos sintamos pertencentes a esta comunidade.
Por fim, Maria é para nós inspiração de oração e perseverança em nosso cotidiano. Ela é modelo de discipulado, pois foi quem seguiu a Cristo mais de perto.
Maria continua cumprindo a sua missão maternal e de educadora, pois também nós somos seus filhos adotivos. Ela é a mãe da Igreja.
Maria Mãe de Deus. Só podemos falar e afirmar isto com relação a Jesus, mas se temos Jesus como Deus verdadeiro, podemos então dizer que ela é Mãe de Deus.
Maria Mãe de Deus porque é a privilegiada de Deus Pai. Foi a escolhida para gerar e educar seu Filho. Filho este gerado e educado na força do Espírito Santo.
Nesta perspectiva afirmamos que, Maria é Mãe de Deus Filho por escolha de Deus Pai na força e plenitude do Espírito Santo. Amém.
O dogma da maternidade divina de Maria é expressão do amor de Deus pela humanidade, pois é do seu seio materno que nos foi gerado o salvador. De outra maneira Jesus nos doa Maria, sua mãe, como nossa mãe “junto à cruz”. Por esta razão Maria acompanha a historia da salvação e seus fatos junto à seu Filho e a nós.
Nós, recorremos à Maria como mãe do Salvador e nossa. Assim,sentimos que Jesus nunca foi desamparado pela mãe, pois ela foi educadora, discípula,e companheira, sendo ele, sempre acolhido pelo seu grandioso amor de mãe, sendo Maria mãe do filho de Deus encarnado e repleta do Espírito Santo, digna de ser mãe do Salvador e nossa na Fé.
Há atualmente diversas correntes na Igreja que exigem de nós reflexões mais amplas dos dogmas marianos, em particular aqui o da maternidade de Deus. Isso se justifica pelas idéias muitas vezes distorcidas que são elaboradas em algumas delas a partir desse dogma. É necessário deixar claro que ele se refere, tem como fundamento e se justificativa na pessoa de Jesus. É conseqüência indispensável para se afirmar a unidade da pessoa do Filho com o Pai. Daí se afirma que Maria é “mãe do Deus-Filho”. Naturalmente afirmar a divindade da pessoa de Jesus, exige afirmar que Maria é “Teotokos”. Entendido isso de maneira clara evita-se compreensões errôneas sobre Maria, que em muitos casos, chega a ser considerada como uma espécie de divindade, com atributos semelhantes aos de Deus. Temos isso bem visível em muitos movimentos ou grupos católicos que difundem devoções marianas sem qualquer fundamento bíblico ou teológico, partindo equivocadamente desse dogma, como se ele fizesse dela uma pessoa divina. Reconhecer Maria como mediadora de graças, intercessora, etc, só terá sentido se o fizermos a partir de Jesus Cristo e reconhecendo que nela há a ação gratuita do Deus que quis revelar-se a si mesmo fazendo-se homem como nós, “nascido de uma mulher”. Portanto, a graça está aí e Maria é a agraciada por excelência, pois deu o seu sim ao projeto de Deus e sujeitou-se à ação do Espírito Santo sendo “mãe, educadora e discípula” do Filho de Deus.
É interessante analisarmos o desenvolvimento teológico que afirmou Maria como mãe de Deus (Theotókos). Essa definição teve por objetivo afirmar a humanidade de Jesus, que naquele tempo era desconsiderada por alguns teólogos. E foi com base cristológica que se afirmou Maria como mãe de Deus. Daí tem um desenvolvimento teológico complexo. Questões surgem a respeito de Maria e exigem posicionamentos que no momento pareciam responder claramente, todavia, isso trouxe outras dificuldades a nossa fé cristã Para muitos católicos os dogmas marianos não representa um problema. Não se preocupam com certas minúcias e vivem sua fé baseada naquilo que aprenderam e professam hoje. Porém, isso não é valido a todos. Os tempos mudam e exigem uma linguagem capaz de responder a questões sempre mais atuais. Assim sendo, não basta só afirmar algo em torno das nossas convicções de fé. É preciso ajudar as pessoas a fazerem um processo de conhecimento histórico e as razões porque muitos dogmas chegaram até nós. Devemos considerar um avanço em nosso processo de evangelização. Não basta apenas afirmar uma posição dogmática. Todo processo evangelizador requer clareza, conhecimento, verdade e daí, avanços.
“Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a Lei, para os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial” (cf. Gl 4, 4-5).
“Maria é, com certeza, a mulher mencionada nesta passagem. Assim como Paulo pouco tem a dizer sobre Jesus e os acontecimentos de sua vida, ele tem ainda menos a dizer quando se trata de recordar a mãe de Jesus. Ela é apenas a mulher que trouxe Jesus ao mundo.” Maria, ao dizer o seu sim, logo deixa o plano salvífico de Deus acontecer, na sua vida, foi aí que aconteceu de ela poder trazer, em seu seio, o Verbo Encarnado, para salvar a humanidade. Também foi por meio do seu amor e da sua humildade que se deixou envolver completamente de corpo e alma ao mistério salvífico de Deus. Ela é cheia de graça e de Deus, viveu tão profundamente, no mundo de Deus, e tudo que ia surgindo, na sua vida, ia vivendo, ou seja, experimentando, no silêncio do amor e do mistério de Deus.
Podemos presenciar a anunciação e o nascimento de Jesus, fato esse que Maria deixava se envolver no mais profundo do seu ser.
Por isso Maria e tão importante para nossa Caminhada de fé.
Bibliografia: Kathleen COYLE. Maria, na tradição cristã: a partir de uma perspectiva contemporânea, São Paulo: Paulus, 2000, p. 23.
Anônimo disse...
“Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a Lei, para os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial” (cf. Gl 4, 4-5).
“Maria é, com certeza, a mulher mencionada nesta passagem. Assim como Paulo pouco tem a dizer sobre Jesus e os acontecimentos de sua vida, ele tem ainda menos a dizer quando se trata de recordar a mãe de Jesus. Ela é apenas a mulher que trouxe Jesus ao mundo.” Maria, ao dizer o seu sim, logo deixa o plano salvífico de Deus acontecer, na sua vida, foi aí que aconteceu de ela poder trazer, em seu seio, o Verbo Encarnado, para salvar a humanidade. Também foi por meio do seu amor e da sua humildade que se deixou envolver completamente de corpo e alma ao mistério salvífico de Deus. Ela é cheia de graça e de Deus, viveu tão profundamente, no mundo de Deus, e tudo que ia surgindo, na sua vida, ia vivendo, ou seja, experimentando, no silêncio do amor e do mistério de Deus.
Podemos presenciar a anunciação e o nascimento de Jesus, fato esse que Maria deixava se envolver no mais profundo do seu ser.
Por isso Maria e tão importante para nossa Caminhada de fé.
Bibliografia: Kathleen COYLE. Maria, na tradição cristã: a partir de uma perspectiva contemporânea, São Paulo: Paulus, 2000, p. 23.
Dentre tudo o que foi tratado sobre o dogma da maternidade divina me chamou atenção esta frase de Santo Ambrósio: “o cristão gera Cristo em si e nos outros”. Esta dimensão antropológica da maternidade divina é muita bonita. Penso que é preciso desenvolver esta característica materna que está além da polarização que muitos fazem entre o gênero masculino e feminino.
Uma das características da mãe é o cuidado para que não falte nada aos filhos, logo devemos levar a sério à opção preferencial pelos pobres. O cuidado para com o próximo e para com a natureza reflete o mesmo cuidado que teve Maria com seu filho Jesus.
Jacqueline Souza Santos – Faculdade Dehoniana
A figura de Maria como força inspiradora para todo cristão, nos motiva na confiança à trilhar sempre o caminho de seu filho Jesus. Em Maria, é a própria humanidade que acolhe livremente o dom de Deus. A figura de Maria é sinal do dom que Deus nos faz e que nela se realiza.
Ela também prefigura, pela acolhida deste dom, o modo como todos nós podemos participar do Mistério da Encarnação e de como este mistério se realiza, nos discípulos de Jesus e na Igreja. Antes de tudo gerar Cristo em nossos corações é fazer com que nosso coração esteja aberto ao mistério do amor de Deus, pois, ela é mãe do Filho de Deus e nós somos filhos no Filho e o Filho se revela na história humana, assumindo-a.
Alessandro de Assis - Dehoniana - Taubaté/SP
O Dogma mariano, é de fundamental importancia para a nossa vida hoje de Cristãos, pois atravéz dele mostra o acolhimento da salvação em nossa vida. Maria o exemplo de acolhedora, recebe o salvador em seu ventre, assim como somos acolhidos na comunidade no nosso nascimento acolhamos também o Proximo no sofrimento. Deus é a imagem e semlehança do ser humano, asim acolhamos o sofredor em nossa vida fazendo tranparecer o amor de Deus seguindo os passos de Jesus que viu a necessidade do povo e condenou as injustiças da sociedade com os mais pobres. Que Maria que nos acolheus como seus filhos, ajude a acolhermos os que mais sofre, dando a eles o verdadeiro sentido do amor de Deus para conosco.
Podemos dizer sem medo de errar que Maria é mãe de Deus, em seu rosto podemos ver o lado materno de Deus. Muitas vezes ouvimos e vemos pessoas se questionando sobre o Dogma da maternidade de Maria.
Maria foi escolhida por Deus para educar e formar seu Filho Jesus, por isso que temos as duas naturezas de Jesus, humana e divina. Maria com certeza teve uma grande participação na formação humana de Jesus.
Por isso, não tenhamos medo de afirmar que Maria é mãe de Deus. “Ela é theotókos = mãe de Deus ou simplesmente anthropotokos = mãe do homem Jesus? Ela é mãe do homem Jesus. Isso implica uma unidade ‘exterior’ em Cristo”.
O que mais chamou a minha atenção quando estudamos e discutimos sobre os dogmas marianos, foi perceber a relação diferencial de Maria com a Trindade.
Às vezes, por conseqüências de uma mariologia maximalista, carregamos uma exacerbação da figura de Maria e acabamos fazendo dela quase uma deusa, o que não é verdade. Maria é tudo o que é por causa do Filho. Do Pai pode ser tida como predileta. Do Espírito Santo a esposa. Dessa forma, não diminuindo a sua importância, mas nos sentimos mais próximos dela, pois todos nós também nos relacionamos com a trindade. Isso para mim fez toda uma diferença.
Por isso tenho cada vez mais convicção que é extremamente importante nos fundamentarmos a respeito dos dogmas marianos e de todo o conteúdo estudado na mariologia.
Ganhamos nós e a Igreja. Nós que nos aproximamos mais dela e a Igreja que poderá contar com cristãos mais esclarecidos e mais centrados naquilo que realmente é essencial para a nossa fé.
Penso que o dogma de Maria em seu sentido mais profundo é de uma mulher que viveu sua liberdade de escolha e de uma vida totalmente voltada para Deus. Assim, Ela assumindo sua
condição de mulher fiel em sua vida, obteve a graça de ser escolhida para ser a Mãe do Nosso Senhor Jesus Cristo. Mãe não só pelos seus méritos, mas por uma escolha de Deus. Diante de muitos questionamentos sobre a virgindade de Maria, o importante é que Ela serve de Modelo de vida para todos nós.
A maternidade de Maria expressa a nossa participação no Mistério da Salvação. Maria pelo seu livre consentimento auxilia o Plano Salvifico. O dogma da Mater Dei nos aproxima do dialogo com as outras denominações cristãs. Hoje essa concepção nos ajuda a compreender e a participar com mais ardor na missão discipular de cada cristão.
Teológicamente não é colocar Maria como deusa, mas é colocá-la em seu devido lugar. O lugar teológico de Maria é existencial. Ela é a mãe de Jesus de Nazaré. Portanto nela não esconde o amor de Deus mas é revelado através de sua maternidade. É revelado no cuidado dedicado ao crescimento, na educação, na formação sócio-cultural e moral de Jesus.
A Igreja fundada por Cristo e fundamentada nele é gerada no seio da humanidade, é lugar de oração, de crescimento integral da pessoa, lugar de testemunho e de luta pela unidade e pelos pobres. Nela temos a oportunidade de crescermos e sermos cada vez mais filho amados do Pai, no Filho pelo Espírito Santo. A Igreja é mãe e temos em Maria seu exemplo de maternidade. Em Maria enxergamos o sentido maternal da Igreja.
Nós membros dessa Igreja a exemplo da maternidade de Maria e da Igreja somos convidados a gerar no seio da humanidade novos cristãos. Não significa aumentar uma prole, mas aumentar a qualidade de vida de cada cristão numa perspectiva mais humana e fraterna e de abertura para o diálogo ecumênico, inclusive inter-religioso.
Assim, a maternidade de Maria, a Igreja e a Pessoa tem sua raiz na Graça de Deus.
MARIA MÃE DE DEUS E NOSSA
Falar da maternidade de Maria é recordar a imagem da virgem de Nazaré, a Mãe do filho de Deus. Uma mulher que atravessou a história do cristianismo gerando muitíssimas representações, sentimentos, aproximações e também rejeições. Maria é um personagem familiar amado no cotidiano do Povo de Deus. É a mãe que supre os vazios afetivos da mãe real. Nela são consoladas todas as angustias e sofrimentos; ela é uma figura que representa o poder contra tudo que é mal, é ela que protege a família é, também a esperança de alcançar os sonhos não realizados. Isso dentro de uma devoção popular, as crenças populares em Maria e as devoções a Maria, bem como a todos os outros Santos, merece uma atenção dos teólogos, não apenas dos etnógrafos e cientista sociais. Maria não é mais apenas um Santo entre outros, embora muitas teólogas feministas e tradições cristãs não-católicas prefiram vê-la desta maneira. Ela desempenha um papel significativo tanto como figura quase divina quanto modelo teológico-antropológico para todas, particularmente para as mulheres. A reflexão sobre a maternidade de Maria no campo antropológico é muito amplo e muito rico. O papel de Maria na antropológia-teológica é complexo, mas é uma realidade histórica incontestável. Maria foi plenamente humana, a mãe de Jesus humano, isso é fato, nasceu viveu e morreu como ser humano. Enquanto humano, ela é o modelo para a piedade humana: ela ouve a Palavra de Deus e aceita a vontade de Deus (“faça-se em mim conforme a tua palavra”); ela apóia o ministério de seu filho e permaneceu com ele por ocasião da morte, quando quase todos os outros o abandonaram. Maria foi solenemente conclamada no Concílio de Efeso, em 431 d.C, a Mãe de Deus (Theotokos). Isso animou e motivou os meios sociais e políticos da época. O povo acabou se movendo em nome da virgem, porque crer que ela é a Magna Mater Dei, aquela que gerou o filho de Deus e, agora gera esperança no coração dos crentes menos favorecidos, uma verdadeira “mãe dos pobres”.
Adilson F. Chaves – Facu, Dehoniana
O que entendemos quando falamos de Dogmas?
Os Dogmas Marianos parecem ser misteriosos, coisas que não devem ser questionadas. Parecem ser uma verdade fechada, que não pode ser interpretada. De certo modo esta visão dos dogmas como: algo incompreensível, verdade congelada e inflexível, faz com que os fiéis aceitem sem questionar os dogmas definidos pela Igreja.
Precisamos ajudar os fieis a olhar os dogmas marianos de maneira diferente, proporcionando uma nova visão e uma nova experiência, para que o processo de libertação aconteça no decorrer da vida de cada dia.
Ao compreender o lugar dos dogmas e o contexto histórico em que se deu, passei a entender melhor que o dogma é uma parte do processo de interpretação da fé e, marca limites, possuem elementos duradouros e outros reformáveis. A libertação vem a partir do momento que olhamos o desenrolar da história, e percebemos que é fruto de muita luta com os considerados “hereges”, aqueles que colocavam em xeque a humanidade e a divindade de Jesus, abalando de certo modo o núcleo da identidade cristã. Assim, os primeiros Concílios Ecumênicos de Éfeso, Nicéia, Calcedônia, Constantinopla, procuraram elaborar algo mais sólido para garantir e salvaguardar a humanidade e a divindade de Jesus, resolvendo grandes conflitos, principalmente na área da cristologia.
Sedney, sdb
Durante as últimas aulas de Mariologia, em que tratamos sobre o Teotokos, recordei sobre algumas reflexões divertidas, mas sérias, que tive nas aulas de Cristologia. Seguem elas:
1° - A humanidade está inteira fecundada pelo Verbo (presença misteriosa) (Rm 8 / DV 3 / LG 2-3.
2° - Na narrativa da anunciação é dito que o Espírito Santo vem sobre Maria como uma sombra (Lc 1, 35). Isso nos recorda as inúmeras comparações presentes no Antigo Testamento e no Novo Testamento, onde se diz que o povo está sob a sombra das asas de Deus (Sl 17, 8; 36, 8; Mt 23, 37). Esta ave que estende suas asas é na maioria das vezes identificada com a águia (Ex 19, 4).
3° - Aonde quero chegar com tudo isso?
4° - Se o Verbo está presente em toda a criação, em especial no ser humano (Logos espermatikos), e que Deus se comportou em Maria como a águia que sobrevoa o ninho e estende suas asas sobre os ovos que estão nele, podemos concluir, por base de um exemplo tosco, que o Espírito “chocou” o Logos espermatikos que estava misteriosamente dentro Maria, como a galinha choca seus ovos trazendo à vida o pintinho. Nessa geração, todo o Logos espermatikos está no Logos encarnado. O pintinho da galinha é ele mesmo e também tudo o que o ovo era.
5° - Como entender Maria nessa reflexão?
6° - Os ovos das aves não podem escolher se serão chocados ou não. Conosco é diferente. Se toda mulher tem a potencialidade de gerar o Logos encarnado, porque todas já estão fecundadas pelo Logos espermatikos, a singularidade de Maria está no seu SIM.
7° - Porém, além desse SIM inicial, Maria entrou na dinâmica do sim, mesmo que isso implicasse na mudança de seus conceitos. Se o primeiro grande SIM a fez Mãe do Filho de Deus encarnado e sua primeira educadora, o segundo grande SIM quebrou seus paradigmas e fez dela discípula de seu filho.
Tudo o que está escrito acima é uma tentativa criativa e descontraída de entender o mistério da Encanação, a participação de Maria nele e a maternidade divina. Vale apenas como teolegumenon.
Se partirmos do pressuposto segundo o qual o termo "mãe" se entende como correlativo, isto é, "não existe mãe sem filho e nem filho sem mãe" no sentido rigoroso (biológico/natural) da palavra, perceberemos a profundidade da visão que se tem sobre o dogma da maternidade de Maria. A grande questão surge quando se coloca a pergunta. Mãe de quem? e aí o dogma se encarrega a definir, Maria como a mãe de Deus. Com isso, uma outra dificuldade hermeneutica desta afirmação se destaca em forma de problema: mãe de Deus Pai? mãe de Deus filho ou mãe de Deus Espírito Santo. Partindo desta inquietação para a fé, cabe a teologia abrir caminho claro para tal explicitação, no intuito de através da fundamentação bíblica, fazer que cada um descobra no "verbo encarnado", esta dimensão materna do mesmo Deus, que se serve de uma criatura simples e humilde, chamada Maria. Portanto, indo um pouco mais a fundo veremos que, mais importante do que a maternidade, a concepção virginal, crê-se que o Verbo foi concebido em primeiro lugar no coração de uma mulher denominada de Maria, tal como nos atesta o concílio de Éfeso, para coloca-la como imagem da Igreja-mãe que gera na comunidade dos fiéis, novos filhos pela fé, pelo batismo e pelo testemunho do Reino. (Laurindo/ISTA)
Maria nos dogmas
A grande dificuldade que o povo tem em relação aos dogmas ao meu ver se dá na falta de esclarecimentos. Infelizmente, não há uma boa orientação de nosso povo na pastoral, e quando se diz algo referente aos dogmas apenas se diz que é questão de fé por isso não deve questionar.
Certamente para o povo a fé é bem assim e se constitui em um grande mistério, algo próprio de Deus. Porém, é preciso compreender para crer dar razão a nossa fé para que esta de fato seja sólida.
Os dogmas surgiram para esclarecerem questões pertinentes no campo da fé, e não para complicarem o esclarecimento da mesma. Desta forma, os dogmas marianos nascem a partir das desavenças cristológicas dos primeiros séculos. Maria é vista em função de Cristo e não ao contrário como comumente ouvimos dizer.
Compreender os dogmas marianos dentro de uma perspectiva Cristológica é ir a fundo no verdadeiro sentido pelo qual o dogma surgiu.
Portanto, só entenderemos os dogmas marianos, partindo da base que os sustenta, a Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja. No entanto é importante salientar que nem todos os dogmas marianos possuem base nas Escrituras. Assim surge outra problemática a ser enfrentada e esclarecida com muito cuidado. Pois não querendo ser fechado em minha visão de dogma, mas uma vez dogma sempre dogma.
A importância que os dogmas têm para nossa fé é a de marcar e delimitar um caminho no qual se possa caminhar com segurança. Evitando desvios ou caminhos contrários. É o que acontece com os dogmas em torno da figura de Maria. Estes são fruto das discussões e pensamentos de sua época, delineando um caminho seguro da fé. Porém, estes devem ser entendidos a partir do eixo cristológico. Ou seja, apontam para o mistério da encarnação do Verbo de Deus na história humana, para a pessoa de Jesus Cristo. Como é o dogma da maternidade divina. Maria é chamada a Theotókos, a parturiente de Deus. Mas ela não se torna uma deusa e nem é a mãe de Deus, mas do Filho de Deus, Jesus Cristo. Num determinado momento houve um desvio do caminho, e Maria se tornou mais importante que Jesus. É hora de se fazer o processo de gestação de um novo conceito. Retornar para o caminho. Ou seja, como em um processo de maternidade, a mãe reflete, medita e espera a vinda de um filho. Maria, como mulher humana historicamente situada, fez este processo. Também fez o processo de meditação, de crescimento na fé, de discernimento e escuta da vontade de Deus. Tornou-se educadora e discípula de seu Filho. Compreendeu sua missão a partir e em função do Filho de Deus. Tornando-se consciente de que Deus a agraciou em vista da encarnação do seu Verbo. Que assim, nós também possamos fazer este processo de retorno ao caminho, para vivermos a fé no Filho de Deus, encarnado na nossa história. Nos ajudando a ter consciência de nossa missão na transformação da sociedade e promoção do Reino de Deus.
Francisco Alexandre Viana - ISTA
Posicionar-se diante de um texto como este é como que se perceber diante de uma porta aberta que nos conduz a um novo horizonte. O Dogma da maternidade de Maria, da maneira que é apresentado aqui, por Murad, nos faz perceber que para compreender a maternidade divina de Maria é nessário ultrapassar os limites da compreensão meramente humana de Jesus. É preciso fazer uma leitura teológica trinitária. Maria é Mãe de Deus porque é Mãe do Deus-Filho, o Deus encarnado na pessoa de Jesus Cristo. Maria não é mãe de Deus Pai nem do Espírito Santo, mas de Jesus Cristo que é Deus com o Pai e com o Espírito Santo. Isso não significa atribuir a Maria a condição de divindade, mas reconhecer que nela, enquanto Teotokos, a gratuidade de Deus se manifesta e se faz presente na humanidade.
-Regiane Vieira -
Faculdade Dehoniana
Maria mãe de Deus? Um questionamento que desde pequena busco esclarecer, porém por causa da idéia errônea que o povo ainda traz consigo, de que um dogma é um dogma e não se discute, as duvidas não foram esclarecidas.
Agora não só tenho a oportunidade de esclarece-la como também me admiro com a riqueza desta verdade. Além de reconhecer a comunhão estabelecida de Maria com a Santíssima Trindade em toda a sua caminhada como ser humano, consigo contemplar com muito mais profundidade esta realidade de comunhão, observando o momento do Fiat de Maria.
A riqueza do Fiat de Maria ganha dimensão trinitária, sabendo que isso não significa Maria como parte da trindade (quaternidade), mas como aquela que vive na comunhão de vida com a Santíssima Trindade.
A mulher que disse seu sim a Deus Pai, para trazer ao mundo o filho de Deus encarnado(Jesus), tornando-se assim a mãe, educadora e depois discípula de Jesus. E não bastasse isso Maria é sempre guiada pelo Espírito Santo como um templo o acolhe, mostrando sua docilidade e obediência.
Essa comunhão é muito importante como exemplo de vida e como meio para explicitar quem é Maria e como nós devemos seguir seus passos. Seu Fiat não é somente aquele momento, é antes o marco do momento, pois o Fiat se completa na caminhada da vida de Maria em comunhão com Deus Pai,Filho e Espírito Santo.
Qual a importância do Dogma de Maria, mãe de Deus na vida cristã?
O dogma é comumente entendido como uma parte do processo de interpretação da fé. A sua base está fundamentada na Sagrada Escritura e na Tradição. Nesse sentido, o dogma consiste na verdade revelada por Deus e proposta pela Igreja à nossa crença.
Por isso, o dogma de Maria, Mãe de Deus é de fundamental importância para a fé cristã, pois ele aponta para a realidade da Salvação que Deus realiza na humanidade por meio do Filho encarnado no seio da virgem Maria por obra do Espírito Santo.
Não podemos nos esquecer que o dogma que declara Maria a Mãe de Deus foi proclamado pelo Concílio de Éfeso, no ano 431. A partir do Concílio de Éfeso, a maternidade divina de Maria é doutrina constante e unânime na Igreja.
Assim sendo, vai dizer o Concílio Vaticano II, na Constituição Lumen Gentium: “A Virgem Maria, que na Anunciação do anjo, recebeu o Verbo de Deus no coração e no corpo e trouxe ao mundo a Vida, é reconhecida e honrada como verdadeira Mãe de Deus e do Redentor”.
O evangelista Lucas em sua narrativa, nos conta em palavras humanas o momento magnífico e inefável da Encarnação de Deus no seio de Maria.
Assim, percebemos que o dogma da maternidade divina de Maria está estreitamente ligado ao dogma da Encarnação do Filho de Deus. Bem como o mistério e a missão de Maria, só têm sentido no mistério e na missão de seu Filho.
Celio Alex - ISTA/BH
O Dogma Maria, mãe de Deus, não é uma declaração de uma possível divindade de Maria. Como se ela fosse comparável a uma das antigas divindades gregas, mães e pais de outros deuses: os Titãs. Não, esse dogma não versa sobre isso. Portanto, não é fruto de uma mitologia anterior ao Cristianismo. É sim, uma simples e profunda constatação, que brota, não de uma fé em Maria, mas da fé que nasce da experiência com Jesus de Nazaré! É um dogma que brota em decorrência da Cristologia, da fé em Jesus. Pois, Jesus é o Verbo Encarnado, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Maria, mãe de Deus Encarnado!
"À vossa proteção recorremos Mãe de Deus". Quando a Igreja reconhece Maria como Mãe de Deus, o faz em relação a Jesus de Nazaré, o Verbo de Deus que Se Encarna em seu ventre. Maria é Mãe de Deus sem ser uma deusa. É o canal pelo qual Deus escolheu passar para ficar mais próximo da humanidade. Esta é beleza do sim de Maria: ajudar a humanidade a se aproximar da divindade. Sendo Mãe de Deus, Maria nos abre o caminho para que também nós possamos manifestar ao mundo a ação da Graça de Deus. Maria, Mãe de Deus e nossa, ensina-nos assim como ensinaste o Menino Jesus a fazer a vontade do Pai, educa-nos no caminho da obediência e do amor, ajuda-nos a ser filhos e discípulos de Teu Divino Filho. Protegei-nos Mãe de Deus. Amém!!!
Sandro Luíz Charnoski - Faculdade Dehoniana
A proclamação do dogma da maternidade divina de Maria, no Concílio de Éfeso (431), deu um significado muito profundo à Tradição mariana na Igreja. Para muitos padres da época, o título de “Mãe de Deus” não tinha embasamento bíblico. Por isso, eles não divulgavam a espiritualidade mariana, pois acreditavam que a Sagrada Escritura não favorecia a nenhum culto devocional à “Mãe de Deus”. No Evangelho de Mateus 12, 48-49, parece haver um rompimento ao parentesco carnal (entre Jesus e Maria) quando se refere à maternidade divina de Maria, dando ênfase ao parentesco espiritual existente entre os membros da comunidade dos seguidores de Jesus. Isso nos ensina que a fé cristã é antes de tudo um encontro com Jesus, Verbo de Deus encarnado. Deus que é eterno nasceu de uma mulher e permanece conosco todos os dias. Vivemos com esta confiança e nela encontramos o caminho de nossa vida.
Comumente o termo dogma soa aos meus ouvidos como algo estranho. E me dá a impressão de ser algo intocável e fechado, que não se pode discutir e pensar sobre. Esse meu modo de pensar por muito tempo me tirou o interesse sobre o assunto dogma de modo geral. Isso então por certo período me impediu de ter acesso a um conhecimento, que me esclarece dúvidas.
Ao ler sobre o dogma de Maria Mãe de Deus, descobri algumas coisas significativas para mim. Primeiro, descobri que o dogma não é algo que fica fora do alcance da minha compreensão. Segundo, que ele tem uma razão de ser e um sentido relevante para a minha fé.
No caso do dogma de Maria Mãe de Deus, me chamou atenção no fato dele ajudar a esclarecer a relação que existe entre Maria e as três pessoas da Santíssima Trindade pai, filho e espírito santo. Através desse dogma posso compreender que Maria não é uma Deusa pelo fato de ser mãe de Deus, mas que ela tem sua importância para a história da salvação.
Com uma simples leitura percebi que o estranhamento que eu tinha era antes de tudo um preconceito meu referente aos dogmas.
O dogma da maternidade divina Maria nasceu no seio da discussão sobre a humanidade e a divindade de Jesus. Maria não é Mãe de Deus, porque uma criatura não pode ser mãe do criador. Mas Ela é mãe do Filho do encarnado, da sua pessoa inteira. Maria é uma criatura importante, mas não pode ser considerada uma deusa. Podemos compreender a maturidade divina de Maria a partir da teologia trinitária. Ela é a filha predileta e agraciada pelo Pai, simbolizando a participação de cada um de nós na filiação divina a partir de Jesus Cristo. Maria é o modelo de mãe, de educadora, de discípula do Filho e do templo do Espírito. Por fim, Ela é considerada a imagem da Igreja-mãe, comunidade que gera novos filhos pela fé, pelo batismo e pelo testemunho.
Jeferson, Sch.P. ISTA. Em nossa Igreja a prática religiosa comumente foi associada a um devocionismo desprovido de qualquer crítica. E, por influência de uma catequese que via com más olhos o questionamento e a indagação, nosso povo se acostumou a enxergar os dogmas e as verdades de fé como algo intocável e inquestionável. Um mistério de fé que deve ser acolhido, mesmo que não seja compreendido.
Devido a essa compreensão, o Theotókos, o dogma de “Maria mãe de Deus”, nem sempre foi bem assimilado na consciência dos fieis. Num primeiro momento quando falamos que Maria é a mãe de Deus, a primeira imagem que vem a mente é que ela também é uma deusa. Pois, se é a mãe de Deus, logo ela também é uma deusa. Corrobora essa percepção uma simples olhada de relance na prática religiosa de nosso povo, para quem Maria é chamada de nossa senhora, em contraposição ao Nosso Senhor.
Essa lógica simplista somente pode ser superada com a explicitação do dogma. Devemos ter bem claro que, Maria é sem duvida um ser agraciado por Deus e merece toda nossa consideração. Entretanto, o dogma da Theotokos – Mãe de Deus – tem por primazia ressaltar a encarnação do Verbo na história. Maria é mãe de Deus porque Jesus, o Verbo que encarnou em seu ventre é de natureza divina, é Deus. Isto não faz de Maria uma deusa.
Por sua singular colaboração na história da salvação, ser a parturiente de Deus na história dos homens, a ela também nós recorremos pedindo que nos ajude a fazer “nascer” o Cristo em nossas comunidades, em nossa vida.
Concordo plenamente com a ideia de que a maternidade de maria tenha sua origem na graça de Deus. Maria é a imagem da Igreja mãe. Pelo fato de ela ter sido mãe num contexto cultural limitado, seu exemplo não está no seu estilo de vida, mas nas suas atitudes. isso facilita a aceitação do dogma numa forma mais ampla.
pelo dogma, não "endeosamos" Maria, mas pela sua maternidade e discipulado fiel percebemos o exemplo de mãe e tambem remetemos à Igreja, que precisa voltar seus olhos para seus filhos, "gerando novos filhos pela fé e testemunho de lutar pelo bem".
A expressão "Maria, Mãe de Deus" esta entre os fatores mais comuns nos ícones de Maria, figura materna, em nivel de perfeição, que por vezes, faz esquecer a sua plena pertença à humanidade histórica, concreta e com sua atitude consciente e voluntaria se abriu ao mistério.Com isso, fica subvalorizado o compromisso de autonomia e de liberdade, estando sempre pronta a reconhecer a sua incapacidade e seu própria nulidade junto a seu Filho, o Filho de Deus.
A teologia do dogma da maternidade, quando se fala em dogma na igreja católica ou fora, e principalmente de Maria, onde não entendem o que é não buscam saber, no dia a dia o povo vive os dogmas sem saber e atualizar, como aluno esta sendo uma teologia libertadora, rica me levando a não ter medo da duvida da razão da minha, ter contato com dogma, posso olhar e desejar cada vez mais estudar dogma, e levar a uma pastoral, Maria a Mãe de Deus Filho é interessante essa revelação de Jesus, Deus e homem, não da para separar, e tendo experiência com o olhar de Deus Pai a agraciada e templo do Espírito Santo, se Deus é amor, e nos com a experiência profunda desse Amor, que nos leva a esse amor de Maria, Mãe de Deus Filho onde hoje tenho cada vez mais claro Maria nossa Mãe. Como é bom conhecer a verdade que liberta.
Maria é mãe de Deus e não da sua Divindade, podemos dizer que Maria é Mãe de Deus por que seu filho Jesus possui duas naturezas, ou seja, a Divina e a Humana, não podemos negar a maternidade Divina de Maria. Faz parte da Tradição e das Sagradas Escrituras.
Maria mãe de Deus
Deus escolheu Maria para participar de um modo especial em seu plano de salvação. Ele se dá a nós em Jesus por meio de Maria de Nazaré. Nela se realeza o grande mistério. Pela a Encarnação do seu Filho, o Pai atinge o máximo de sua ação salvadora dos homens, ao mesmo tempo em que nos dá o modelo perfeito de ser humano, que é Jesus.
Maria mãe de Deus
Deus escolheu Maria para participar de um modo especial em seu plano de salvação. Ele se dá a nós em Jesus por meio de Maria de Nazaré. Nela se realeza o grande mistério. Pela a Encarnação do seu Filho, o Pai atinge o máximo de sua ação salvadora dos homens, ao mesmo tempo em que nos dá o modelo perfeito de ser humano, que é Jesus.
Sabendo como os dogmas surgem, o dogma da Maternidade Divina de Maria surgiu de fato para responder as preocupações de época dos nestorianos. Atualmente, há certo crescimento formidável das igrejas dissidentes, e todas se movem contra a Igreja Católica, por estar a venerar de forma absoluta a figura de Maria. Hoje em dia, continuam surgindo os nestorianos de várias formas. Será que não é momento oportuno de reler o dogma da maternidade divina de Maria? É indubitável que sim, sabemos que o dogma em si é um fato inegável e cheio de perenidade, nenhuma outra verdade fora da formula irá sufocá-lo. Pois bem, a releitura dogmática a qual nos referimos, é uma continua afirmação do formulado, talvez com conceitos explicitamente concebíveis, de maneira que todos tenham acesso sem esforço de compreensão tanto teólogos quanto não teólogos. “Mas o que é tão importante é entender que Maria” é nossa “mãe e companheira na fé”, no horizonte cristão. “Sua maternidade a coloca, antes de tudo, na comunidade de seus irmãos e irmãs, que, ontem como hoje, enveredam pelo fascinante caminho do seguimento de Jesus.”(Alfonso Murad)
Acredito que a nossa catequese apresenta muitos exageros marianos. Assim Maria fica deslocada de seu papel principal no seguimento de Jesus. Rigorosamente falando o nosso povo adquiriu uma gama de vícios teológicos a respeito de Maria, neste sentido vemos que a Maria fundamentada na Bíblia ficou obscurecida. Acredito que o maior problema está nas frentes de evangelização, que no atual processo evangelizador ainda alimentam uma mariologia maximalista. E ainda por cima daquela Maria que teve sua origem no meio popular e com o desenrolar do tempo cristalizou-se no dogma. Acredito que para mim o mais palpável dos dogmas é maternidade divina. E para isso parafraseio o professor ‘ Quando proclamamos “Maria, mãe de Deus”, estamos dizendo, conforme o dogma, que ela é a mãe do Filho de Deus encarnado’. Maria não se tornou uma deusa, nem entrou na Trindade”. Pois todo ser vivente ainda que seja o filho de Deus acredito que necessita de uma mãe. Com podemos ver em Gálatas 4:4, “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher...”. E por outro lado também ele tem base bíblica.
O dogma, Maria Mãe de Deus, mostra claramente que a reflexão sobre a pessoa de Maria, encontra fundamento e centralidade no mistério de Jesus. Pois ao se afirmar que Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, se afirma que Maria é a mãe de Jesus em sua totalidade, não apenas de uma parte, ou seja, de sua humanidade. É interessante notar as diferentes formas de Maria se relacionar com a Trindade, do Filho é mãe, do Pai filha muito amada e do Espírito Santo, templo vivo. Com isso esse dogma de Maria Mãe de Deus, revela-nos a maravilha do mistério de Deus-Trindade, que nos convida a igualmente participarmos da missão de Maria, de gerarmos Cristo vivo na vida de todos os nossos irmãos e irmãs.
Estamos falando da VOCAÇÃO de ser mãe, não somente a geradora, mas aquela que ensina, que acolhe e que sofre. Maria sempre ensinou, mas também aprendeu com o seu filho e por isso ser a mãe do salvador não foi uma tarefa fácil. Ser mãe é se alegrar e sofrer com o filho até na cruz e ajudar a carregar a cruz. Maria acolheu com vocação o ser mãe do Salvador e por isso aceitou ser testemunha da boa nova. Ser mãe é também ensinar. A Igreja poderia ter o exemplo de Maria como aquela que nos ensina, que gera novos filhos na fé. Se a Igreja tivesse um pouquinho da vocação de Maria como mãe muitas cruzes poderia ter sido evitada.
A imaculada conceição
Maria recebeu de Deus uma graça especial, pois nasceu mais integrada do que nós, com mais capacidade de ser livre e acolher a proposta divina. O fato de Ela ser imaculada, não lhe tira o esforço de ser peregrina na fé, isso faz parte da sua finitude. Maria não entende tudo, tem que revisar esquemas e comportamentos, devendo crescer de um bem para um bem maior, assim como fez Jesus.
O dogma da imaculada conceição afirma que Maria é pré-redimida por Cristo, recebendo a sua graça redentora numa graça intensa e “original” que lhe dá forças para integrar-se e enfrentar o mal. Tal privilégio está a serviço de sua missão de perfeita discípula, educadora e mãe do messias.
Com muita força de vontade eu entendo os dogmas como forma de nos ajudar a compreender a fé com mais profundidade. Este dogma é o mais importante, pois é partilhado entre outras religiões. Nele não podemos afirmar de forma radical que Maria é a mãe de Deus, pois não é lógico a criatura ser a mãe do criador, mas podemos afirmar que é mãe do Salvador que se encarnou em nossa história. Maria foi escolhida pelo seu testemunho, então, é uma pessoa querida de Deus Pai e isso significa a participação de todos nós na filiação divina a partir de Cristo. Maria é mãe de Jesus, é educadora, pedagoga e discípula. Como já mencionado Maria foi escolhida por Deus, ela é contemplada pelo Espírito Santo, é o templo espiritual e corporal do Espírito Santo. O trabalho de Maria partiu da fé e foi também levado à fé, por isso, devemos ter o nosso olhar nesta simples mulher que compreendeu com carinho e dedicação o papel de gerar e criar a vida. Sejamos nós também imitadores e geradores desta caridade.
Mary, Mother of God.
congratulations Brother Alfonso.
I have liked very much the explanation about mary as the mother of God: infact, it is a big recovery to the recent theology to see mary as a woman who participates in the project of God, having Him as the owner of the project, the means and the end. This dogma can be said in terms of God as the eficient cause, example and end. Mary is an example for us to live this project of God...we are called to grow in our faith.
Como já nos esclarecia o professor Murad, “Os dogmas foram formulados para se compreender a fé, sendo assim, devem ser compreensíveis”. Nesse sentido, quando um dogma torna-se incompreensível, algo não está certo. A essência da fé permanece, mas a forma de expressá-la deve ser reformulada.
A centralidade da nossa fé é Jesus, por isso, todos os dogmas existem pra expressar essa nossa fé. Assim são os dogmas Marianos: existem para melhor expressar o mistério salvifico do Pai por meio de Jesus Cristo, no Espírito Santo. Alguns desses dogmas marianos estão mais próximos desse mistério, outros ficaram um pouco mais distantes – visualizemos um alvo – mas a centralidade será sempre Jesus.
O dogma que proclama “Maria Mãe de Deus” (Theotokos – aquela que dá a luz) quer nos explicitar um grande mistério: Deus que é comunidade – Pai-materno, Filho e Espírito Santo.
Maria é mãe do Filho de Deus encarnado e continua sendo uma “criatura” muito especial, jamais uma “deusa”. Ela é “filha” do Pai, Mãe e discípula do Filho e Templo/esposa do Espírito Santo.
Ela torna-se, assim, a mais bela imagem da Igreja-mãe que, em comunidade, gera novos filhos pela fé, pelo batismo e pelo testemunho.
Do mesmo modo como Maria, de forma tão especial, foi convidada a participar da comunhão da “comunidade” Trindade, também nós o somos, como Povo de Deus, através de Jesus Cristo, no Espírito Santo!
Em Maria se reflete o amor de Deus para com a humanidade.É o Senhor que comunica a nossa salvação sob nossa vida pessoal. Maria não é, assim, mais que um símbolo,mas não é menos que um símbolo. Maria como mãe de Deus é a oportunidade de entender Jesus como homem plenamente realizado.O Verbo encarnado transcende o humano, Deus entra na definição e condição humana nos interpelando:quanto mais comunhão com Deus, mais humano e pleno.
O Concílio de Éfeso (431) chegou a conclusão que Maria é mãe da pessoa inteira de Jesus que é humana e divina. Assim sendo, o dogma da Maternidade Divina de Teotokos no Concílio de Éfeso (431) não diz que ela é mãe de Deus, mas afirma que ela é a mãe do filho de Deus Encarnado, da pessoa inteira de Jesus que é humana e divina.
Mariano Torres-FAJE
Este dogma da maternidade divina de Maria, tenta salvar a unidade de Jesus Cristo como Homem – Deus. Éfeso, e depois Calcedônia, afirmou que Maria é mãe de Deus segundo a carne (humanidade). Embora, essa afirmação deve ser entendida levando em conta também a comunicação de idiomas (propriedades), onde aquilo que se diz do Homem Jesus, deve ser dito do Deus-Jesus. É por isso que podemos afirmar que Maria é mãe do Homem - Deus Jesus Cristo. Nenhuma mulher é mãe só de uma parte do seu filho, mas dele inteiro. Por seu útero, um que era Deus se tornou ser humano. Além desse caráter cristológico, este dogma tem uma pergunta existencial por trás: que diz a maternidade divina de Maria respeito a Deus e nós? Maria, por ser aquela que pariu um que é Deus se tornou símbolo da paternidade de Deus. No mais profundo, ela fala-nos do amor do Pai, das entranhas misericordiosas de Deus. Um Deus que é Pai eternamente e que, portanto nos ama sempre. Um Deus que cuida de seus filhos e que é fiel as suas promessas.
Devemos afirmar também que aquilo que se dá em Maria acontece em todo aquele que ouve a palavra de Deus. Como nos fala o relato de Mt 12, 46-50, Maria é indicada por seu Filho Jesus como parte dos discípulos, ou seja, aqueles que fazem a vontade de Deus. Ela ouviu as palavras de Deus através do anjo Gabriel e foi obediente. Todo aquele que, como Maria, ouve e cumpre a palavra de Deus é mãe de Cristo. Como afirma Agostinho: “Mãe de Cristo porque fazem a vontade do Pai”. Ambrosio, também afirma que: “Quem crê, concebe e gera”.
Todo isso, leva-nos a afirmar que todo ser humano é chamado a ser mãe do Cristo, e é por isso que Maria pode ser mãe de Jesus. Maria não é mãe do Homem – Deus Jesus Cristo por um privilegio especial, mas porque como todo ser humano foi chamada. A grande diferença é que ela respondeu e aceitou ser o lugar de encontro entre Deus e o ser humano.
Ela se tornou santuário do mistério de Deus manifestado em Cristo pelo Espírito Santo. O que pode acontecer espiritualmente em todo ser humano se deu carnalmente em Maria. A fé de Maria, sua obediência ao Pai, se corporificou na sua maternidade. E é por meio dessa maternidade que ela, recebendo e amando o filho que gerou, ama a Deus Pai. Maria, com a sua fé ajudou a formar a fé de Jesus e nele ajudou a Deus a se acostumar a viver como ser humano para assim cumprir seu plano amoroso para conosco sendo igual a nós.
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