As comunidades cristãs das origens fizeram um caminho de descoberta a respeito da figura de Maria, a mãe de Jesus. Neste blog você pode ver com detalhes a respeito de cada passo dado, especialmente nos evangelhos. Confira no índice dos temas, no lado direito. Vamos fazer um “vôo panorâmico”, no qual se podem perceber os traços mais importantes deste processo.
Já se fala sobre Maria no Antigo testamento? Grande parte dos estudiosos da Bíblia está de acordo neste ponto: não há nenhum texto nas escrituras judaicas, ou primeiro testamento, com a intenção explícita de fazer um anúncio antecipado sobre Maria. Na realidade, depois que Maria se tornou reconhecida na comunidade cristã, a partir do século 3, aconteceu uma releitura dos textos bíblicos. Ampliou-se o sentido original. Assim, algumas imagens e alegorias, como “a descendência da mulher que esmaga a cabeça da serpente” (Gn 3,15), passaram a ser compreendidas em relação à mãe de Jesus.
Nos escritos de Paulo não há referência direta a Maria. Somente o texto de Gálatas 5,5 faz uma ilusão à mãe de Jesus, ao falar que Deus “enviou seu filho, nascido de uma mulher”.
No evangelho de Marcos, o primeiro a ser escrito, Maria aparece no meio dos familiares de Jesus, sem qualquer destaque. O evangelista mostra com clareza que, para Jesus, importa sobretudo uma nova família, não mais formada por laços de parentesco. A verdadeira família de Jesus será, de agora em diante, a dos seus seguidores, ou seja, os discípulos e discípulas que fazem a vontade do Pai.
Já Mateus acrescenta um dado novo. Ele prepara o anúncio da vida pública de Jesus com os “relatos de infância”, que estão centrados na figura de José, o homem justo que sempre age de acordo com o apelo de Deus. Assim, José acolhe a Maria como sua esposa e não tem relações intimas com ela até o nascimento. Adota Jesus como seu filho, mesmo não sendo o pai biológico e protege a ambos dos perigos que surgem. Maria é apresentada como aquela que concebe pela ação do Espírito e está unida ao filho, como mostra a expressão “o menino e sua mãe”, repetida 5 vezes.
O evangelho que mais se refere a Maria é Lucas. A começar pela quantidade dos relatos nos quais ela aparece ou se diz algo sobre a mãe de Jesus: anunciação, visita a Isabel, cântico do Magnificat, nascimento de Jesus, apresentação no templo, profecia de Simeão, desencontro no templo aos 11 anos, a vida em Nazaré, as palavras de Jesus sobre a família, o diálogo com a mulher na multidão, a presença de Maria na comunidade nascente, preparando a vinda do Espírito Santo. Através de todos estes relatos, Lucas nos apresenta Maria como a figura da/o perfeito discípulo de Jesus, que ouve a Palavra de Deus, guarda-a no coração e dá frutos na perseverança.
Além disso, Maria trilha um caminho na fé. Totalmente entregue aos projetos de Deus, ela não entende tudo o que lhe acontece, e por isso mesmo precisa continuamente meditar o sentido dos acontecimentos. Passa por momentos belos e difíceis, alegres e sofridos. O fato de ter que aprender o “jeito novo” de ver o mundo que Jesus propõe causa-lhe conflitos, que lhe atravessam o coração como uma espada. Como mulher proveniente de Nazaré da Galiléia, Maria vive e anuncia a opção preferencial de Deus pelos pobres, tal como Jesus o vive e anuncia no sermão da planície.
Por fim, Maria é uma pessoa especialmente contemplada pelo Espírito Santo, que a cobre com sua sombra na concepção de Jesus e atua na comunidade dos discípulos em Pentecostes, como línguas de fogo. “Nuvem” e “fogo” são os símbolos da presença de Deus junto de seu povo peregrino, desde a libertação do Egito. Nuvem quer dizer proteção e fecundidade. Já o fogo alude a energia, amor e vitalidade. Este é perfil de Maria em Lucas: perfeita discípula, peregrina na fé, sinal da opção de Deus pelos pobres, mulher contemplada pelo Espírito Santo.
João completa o perfil de Lucas acrescentando duas outras características. Ao apresentar Maria no início da missão de Jesus (bodas de Caná) e no momento derradeiro (junto à cruz), expressa que é uma pessoa significativa para Jesus e sua comunidade. Nos dois relatos, Jesus não a chama de “mãe”, e sim de “mulher”, como o faz com outras mulheres importantes, como a Samaritana e Madalena. Em Caná, Maria é apresentada como a “pedagoga da fé”, que orienta os servidores para “fazer tudo o que Jesus disser”. Ajuda a reunir os discípulos em torno a Jesus. Possibilita a realização do primeiro sinal, que inicia o processo de acreditar em Jesus e compreender quem ele é. Já na cruz, Maria aparece junto com as mulheres e o discípulo amado, perseverante na fé, no momento em que cessam os sinais. Por vontade de Jesus, há uma adoção recíproca. Ela assume a missão de mãe da comunidade cristã, representada pelo “discípulo amado”, e a comunidade a acolhe como tal.
O texto de Apocalipse 12 não é originalmente mariano. A mulher, revestida de sol, com as estrelas debaixo dos pés e as doze estrelas significa, em primeiro lugar, a comunidade-igreja, que já experimenta neste mundo os frutos da glorificação de Jesus. De outro lado, também sofre os ataques das forças do mal na história, é frágil, vive no deserto (lugar de tentação e de encontro com Deus) e sente a solidariedade da Terra. Como aconteceu com textos do Antigo Testamento, houve posteriormente uma releitura de Apc 12, dando-lhe uma conotação mariana. Ela se apóia no fato de Maria ser mulher e mãe do messias. Nas comunidades cristãs do século 4 nasce assim a intuição de que ela participa, de forma singular, da glorificação que será concedida a todos os seguidores de Jesus.
O perfil bíblico de Maria é fundamental para elaborar uma mariologia consistente, equilibrada e centrada em Jesus. A partir dele, corrige-se os exageros do devocionismo e do maximalismo mariano. Estabelece-se assim elementos para o diálogo enriquecer com outras Igrejas cristãs.
4 comentários:
Diante do que estamos estudando fica claro que tanto no que diz respeito a temática da encarnação do Verbo, quanto no que se refere à maternidade divina de Maria, a preocupação doutrinal e a perspectiva em que os dois mistérios são lido relacionam-se com a própria natureza e com as modalidades deles, ou seja, com o seu aspecto objetivo e ontológico em face da fé de Nicéia, ao passo que é simplesmente mencionada a finalidade soteriológica de ambos os mistérios. Fica nitidamente claro que se dá com referencia à maternidade divina de Maria.
A proclamação solene da legitimidade do título Theotókos e os conteúdos gloriosos que ele a implica para Maria fizeram que, a partir de Éfeso, a divina maternidade tenha passado a constituir título único de soberania e de glória para a mãe do Verbo encarnado. A Theotókos é encarnada representa, invocada como a rainha e a senhora por ser mãe do Rei Senhor.
No Evangelho de Marcos, encontramos quase nada referente a Maria. Ela aparece no grupo dos familiares de Jesus, porém, esse grupo é um grupo que Jesus vai ter que romper para poder dar continuidade a sua missão: o Serviço do Reino e o Projeto do Pai.
Nisso, Jesus vai formar outro grupo que podemos chamar também de seus familiares. Estes são os seus seguidores, fazendo a vontade do Pai colocando o Projeto Salvífico em prática. Este rompimento com o laço sanguineo provoca um conflito com seus familiares e seus contemporâneos.
A mensagem central do Evangelho de Marcos vem nos salientar que o importante não é a família biológica, nem os parentescos sanguíneos, mas aquele grupo de pessoas que estão associadas com a causa do Reino. Reino este que o próprio Jesus inaugura. Então se trata da família de seguidores (as) na qual podemos incluir Maria, serva que soube escutar e dar a sua resposta ao Projeto do Pai.
Mateus dá um passo a mais em relação a Marcos, ao apresentar Maria como a mãe virginal do Messias. Nos relatos de infância, ele mostra Maria como a mãe associada ao destino do filho.
Creio eu que, isto é um ponto positivo de Maria, pois, Ela ocupa um lugar muito importante, mas não é o primeiro lugar. A pessoa de Dela está em função do Projeto Salvífico de Deus que vem na pessoa de Jesus Cristo. Portanto Maria é Aquela que traz ao mundo o Divino Salvador.
Compreender a presença ou a figura de Maria na Escritura nota-se que ela ocupa um espaço significativo, significativo porque esta figura esta em função do projeto salvifico de Deus trazendo o seu Filho Jesus, assim Maria é como uma de nós que caminha conosco e torna para nos exemplo de seguidora e de mulher fiel. Com a experiência Mariana nas escrituras aprendemos a amar, escutar, seguir. Maria é apresentada como mulher, família de Jesus, mas nos escritos podemos encontrar Jesus que rompe com este grupo de familiares, mas cria laços e criando um novo grupo de familiares, que são aqueles que seguem e faz a vontade de Deus e Maria pode nos escritos do novo testamento ser encontrada nos dois grupos de familiares de Jesus, pois é apresentada como aquela que segue o que Jesus ensina e como grande colaboradora do Reino de Deus, um reino que começa nas práticas de caminhada, junto ao povo que precisa, assim compreendemos Maria com mulher libertadora, aquela que ajuda seu povo. Outro ponto que merece atenção é a imagem de Maria como a perfeita discípula, compreender na sagrada escritura e no nosso tempo o que diz a expressão de perfeita discípula não é aquele que faz tudo o que o mestre manda, mas Maria na escritura nos da à compreensão melhor desta expressão, pois ela medita a palavra no seu coração e coloca em prática, o meditar de Maria nos traz o ensinamento de discernimento, ela compreende o que é o projeto de Deus para a humanidade e se apresenta como fiel colaboradora.
Em todo o estudo teológico onde refletimos a figura desta mulher, é importante para nós não esquecer que em todos os momentos na história de Jesus, Maria está apresentando o seu filho para a humanidade, para as pessoas, ela em diversos momentos se coloca com mulher que está disposta a auxilia-lo no que for preciso em diversas passagens, sobretudo no início dos “milagres” de Jesus como nas Bodas de Caná.
O que me chama atenção de Maria na Bíblia é o fato de podermos como cristãos católicos afirmamos Maria como a Mãe de Deus ou como discipula de Jesus, porque temos elemntos Bíblicos que podem nos garantir essas afirmações de fé ou até mesmo teologicas,é claro que no AT a Igreja irá fazer uma releitura de alguns textos Bíblicos como em GN para dizer que Maria é mãe de Jesus,porém esses elementos ficaram visiveis quando a comunidade cristã do NT presenciou Maria como mulher atuante da palavra e presença de Deus junto aos escolhidos do Pai,e assim a Igreja vai interpretar Maria como aquela que na sagrada escritura de forma bela,diposta e fiel aos sinais de Deus.Por isso podemos afirmar com toda razão que temos motivos de sombra para temos Maria como exemplo e devoção da nossa fé cristã.
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