quinta-feira, 9 de abril de 2009

Maria junto à cruz de Jesus

A mãe de Jesus, que aparece no início de sua missão, em Caná (Jo 2,1-11), levando seus discípulos a acreditarem nele, volta de novo à cena. Dessa vez, não há nenhum sinal extraordinário. Ao contrário, o momento da cruz desafia a fé. Maria faz parte do pequeno grupo que perseverou, que não fugiu no momento da perseguição e da crucifixão de Jesus. É a corajosa seguidora de Jesus, que permanece no seu amor. Manter-se de pé significa persistência, constância e adesão. Junto com ela estão algumas mulheres-discípulas: a irmã de Maria, Maria de Clopas (ou Cléofas) e Madalena. E somente um homem, o “discípulo amado”, que a tradição cristã identificou com o jovem apóstolo e evangelista João. Ele representa a comunidade cristã, o grupo dos que seguem os passos de Jesus, tornando-se mais do que seus servidores. São seus amigos (Jo 15,15).
Uma característica importante do seguidor de Jesus é a perseverança, ou seja, o compromisso de vida que se prolonga no tempo, vencendo as crises. Quando Jesus pede para: “permanecer em mim e eu nele” (Jo 6,56; 15,4) ou “permanecer no meu amor” (Jo 15,9) expressa uma sintonia profunda, uma comunhão de mente e de coração. Este é o sentido da imagem da videira e dos ramos (15,1-11). Como também: “Se vocês permanecerem na minha palavra, serão verdadeiramente meus discípulos. Vocês conhecerão a verdade, e a verdade fará de vocês pessoas livres” (cf. Jo 8,31s). Jesus promete: “Se vocês permanecerem em mim e as minhas palavras permanecerem em vocês, peçam o que quiserem, e o Pai lhes concederá” (Jo 15,7). Na primeira epístola de João também se diz desta atitude de vida: “Quem pretende permanecer nele, deve também andar no caminho que Jesus andou” (1 Jo 2,6).
Manter-se junto à cruz expressa a atitude de estar em sintonia com Jesus, exercitando a fé no momento de crise da morte e de sua passagem para o Pai. Maria, as mulheres e o discípulo amado são os que perseveram neste momento crucial. Permanecem com Jesus e em Jesus. É certo que este momento significou um grande sofrimento para Maria. Mas, parece que perseverar assume mais importância do que sofrer.
Qual é o sentido do encontro de Maria com o discípulo amado, ao pé da cruz? Não é resolver um problema de família, ou seja, quem iria tomar conta da mãe de Jesus depois da morte dele. Nesse momento tão importante da cruz, João quer nos dizer algo mais. Ele deixa impresso na memória de todos os cristãos que Maria não é somente a mãe, que concebeu, gestou, deu à luz, nutriu e educou Jesus. Novamente, ela é chamada de “mulher”, como em Caná (Jo 2,4 e 19,25). Seu lugar está além dos laços de sangue e das relações familiares. Por vontade de Jesus, Maria é adotada como mãe pela comunidade cristã de todos os tempos. O discípulo amado, que representa a comunidade, recebe-a como mãe. E Maria é investida nessa nova missão. Acolhe os membros da comunidade cristã como seus filhos.
A morte-ressurreição é o momento no qual se constitui a comunidade-Igreja. Jesus irá “reunir todos os filhos de Deus dispersos” (Jo 11,51s). Este é o sentido simbólico da cena que antecede o encontro na cruz. Os soldados tomam as roupas de Jesus e as repartem em quatro partes (os quatro cantos da terra). Mas a túnica permanece inteira (Jo 19,23s). A Igreja, nova comunidade messiânica, será edificada em sua unidade a partir da cruz do Senhor.
O discípulo amado representa a comunidade cristã, agraciada e escolhida por Jesus, para a qual ele dedica seu afeto e atenção. Esta comunidade recebe Maria como sua mãe. O evangelista diz “a partir daquela hora, o discípulo a acolheu em sua familiaridade” (Jo 19,27). Isto é, naquilo que lhe é próprio, que o constitui como pessoa. Ele não usa a palavra grega “oikos” (casa), mas sim “ídia/ídios” (o que é característico de alguém).
Em que consiste a missão de Maria, como mãe da comunidade? Provavelmente, a mesma de Caná. A nossa mãe Maria poderá intervir junto ao Filho, pelos seus filhos. Levará os servidores e amigos de Jesus a fazer o que ele disser. Possibilitará que novas gerações de cristãos, como os primeiros discípulos, creiam em Jesus, vejam sua glória, e se reúnam em torno dele.A cena de Maria junto à cruz reúne, portanto, dois elementos fundamentais. A mãe de Jesus é a mulher perseverante na fé até o último momento, junto com outros membros da comunidade dos seguidores e amigos de Jesus. E, por vontade do próprio Jesus, é adotada como mãe do discípulo amado, imagem e símbolo da Igreja.

20 comentários:

Regina Reinart, ITESP disse...

Nestes anos todos, fiquei na companhia mariana, alias, na companhia de mães que perderam os seus filhos por causa de violência (Salvador, Bahia). Estas mães e avós me ensinaram a manter a esperança a partir da cruz. O artigo deste blog afirma isso: acreditar e ver sentido na vida, mesmo na dor. Que possamos OUVIR bem, ficar no silêncio com as mães sofridas e aprender a olhar com o coração. A base de toda vida é relacional. São as Marias das nossas vidas que nos ensinam a sabedoria. As Marias brasileiras então, nossas mestras par excellence....

Jaime - Dehoniana disse...

A pergunta que não quer calar é de suma importância. Qual o sentido do encontro de Maria com o discípulo amado, ao pé da cruz? Para responder a isso, devo ficar atento aos detalhes dessa mulher. Maria que permanece de pé na cruz, sua perseverança, o ser firme nas decisões, o coração amoroso. Esses aspectos devem remeter ao mundo atual, onde não se quer mais perseverar ou ir até as últimas conseqüências. Isso se torna difícil. É preciso perseverar nas opções. Tanta mãe que sofre por causa dos filhos, pela família. Maria mostra que a mulher tem a capacidade de resistência e resiliência para superar as peripécias da vida.

Victor disse...

É interessante perceber a relação entre os textos das Bodas de Caná e de Maria junto à cruz de Jesus no Evangelho de João (Jo 2,1-11 e Jo 19,25-27). Maria está presente aos grandes sinais de Jesus: aquele que inaugura sua missão messiânica e aquele que realiza definitivamente o projeto de Deus.
Maria junto à cruz de Jesus é, para nós, sinal de perseverança no discipulado: precisamos estar com Jesus em todos os momentos, do início ao fim de sua missão e da nossa missão. Que Maria nos ensine o dom da resistência, da perseverança na fé, dainte das cruzes de nossa missão.

Luís Paulo - Dehoniana disse...

Olhando para o icone apresentado e tambem sobre o assunto o que posso dizer em poucas palavras que Maria junto à cruz do seu Filho Amado, apresenta para nós a Figura da Mulher que jamais perda a esperança tanto no momento da dor, ela não abandona seu Filho. A exemplo disso as existem mulheres que batalham para dar de melhor para seus Filhos, em muitos casos chegam até o exagero, como observamos em alguns noticiários.

Valteir - ITESP disse...

Achei Interessante, o papel de destaque dado à Maria no Evangelho de João. Ressalto o fato de este autor colocá-La no início da missão de Jesus, no primeiro sinal (milagre), isto é, “nas Bodas de Caná”. Nessa passagem, o evangelista demonstra claramente que Jesus ouve o apelo de sua mãe, e não pede o sinal para si, mas para os outros; orientando-os a fazer a vontade do Pai. Por conseguinte, João traz novamente no decorrer de seus escritos, especificamente na parte final, a pessoa de Maria, junto ao seu filho Jesus, ao pé da cruz. Nesse sentido, a corajosa seguidora permanece no seu amor, retratando a figura da mulher perseverante, adotada como mãe pela comunidade cristã. Entretanto, que em nosso trabalho pastoral possamos anunciar Maria, como mulher significativa, forte, e fortalecedora da comunidade. Que acompanhou a vida de seu filho Jesus, e dessa maneira, também acompanha as nossas lutas, dores e alegrias num mundo que clama por justiça e solidariedade.

Aelson- ITESP disse...

Maria ao pé da cruz (Jo 19, 25-27)

A cena da cruz descrita por João parece ausência de tudo o que é mais humano: justiça, compaixão e solidariedade. Parece, mas não é.
A presença da grandeza humana se encontra ao pé da cruz, em duas pessoas que se fazem próximas a Jesus nesta hora, são elas, Maria, mãe de Jesus, e o discípulo amado.
Do alto da cruz, Jesus vê os dois. Vê a dor no coração de sua mãe; mas vê também a sua fé, e a do discípulo amado, que está ao lado dela. Jesus chama sua mãe de “Mulher”: como em Canã de Galiléia (Jo 2,4), o uso dessa denominação para Maria é uma referência a Eva, que o Antigo Testamento chamava de Mãe dos viventes (Gn 3, 20). Indica a função que Maria terá nos desígnios de Deus.
Jesus de faz de sua Mãe o Símbolo de uma Igreja que será Geradora de nova Vida, pois a Igreja será Mãe daqueles que irão acreditar em Jesus e nascer de novo, da água e do Espírito Santo (Jo 3, 5).

José Roberto Pessanha - ITESP disse...

Querido povo de Deus! Maria é exemplo de vida como Mãe e seguidora de Jesus. Refletindo sobre o Evangelho de João, percebemos que Maria vivenciou com intensidade alguns momentos bonitos na vida da humanidade e de seu querido filho, Jesus. Logo de início, Maria participa de forma decisiva em Caná da Galiléia, no início da vida pública de Jesus (Jo 2, 1-11); e junto à cruz, ao final de sua missão (Jo 19, 25-27). A figura de Maria na vida da comunidade cristã e na de Jesus é marcada com um gesto de amor (aliança) de Deus para com a humanidade. O sinal da aliança é simbolizado através do vinho e da cruz. Portanto, quando refletirmos sobre a pessoa de Maria, logo estaremos sentindo a presença de Jesus em nossos corações (Jo 2, 1-11; 19, 25-27).

Ricardo Geraldo de Carvalho - ITESP disse...

O contexto cultural vivido por Maria era extremamente machista. Maria não se acovarda diante desta difícil situação, vivendo ativamente no grupo dos seguidores de Jesus. Jesus, ciente da realidade excludente vivida pelas mulheres de seu tempo, nas Bodas de Caná (Jo 2, 1-10), Ele, quando indagado por Maria, não a chama de mãe, mas de mulher, para ressaltar e principalmente resgatar a figura feminina. Maria continua fielmente sua caminhada com Jesus, estando com Ele até sua crucifixão e morte (Jo 19, 25-30). Ela permanece perseverante, pois tem profunda convicção do que viu, aprendeu e comungou com seu Filho amado. Por meio do Amor Redentor de Jesus, pessoas condenadas a uma sub-vida adquirem uma nova e motivante perspectiva para suas vidas. Maria crê absolutamente que a Graça do Deus da Vida, anunciada por seu Filho, não extinguirá com sua morte, porque seu filho Jesus ressuscitará a partir do instante que com Fé, Esperança e Caridade, continuarmos o Projeto de Justiça do Reino de Deus sonhado por Ele.

Frei Fernando Henrique (ITESP) disse...

Mãe da comunidade, a pedagoga da fé: Maria no Evangelho de João.


Decidi ressaltar da pessoa de Maria no Evangelho de João apenas duas de suas facetas: Maria que orienta os outros a fazer a vontade de Deus, e a constância da fé de Maria.
Certamente a figura de Maria, observando sua atuação em Jo 2,1-11, tem muito a dizer a nós cristãos do século XXI. Com ela devemos aprender a dar um salto em nossa fé, isto é, passar de realizadores da vontade de Deus em nossas vidas para orientadores dos novos cristãos. “Segundo João, Maria não só realiza a vontade de Deus na sua vida, mas também orienta os outros a fazerem o que Deus lhes pede. Há um deslocamento do foco e uma ampliação de sentido. Da perfeita discípula e seguidora de Jesus, em Lucas, para a pedagoga e guia dos cristãos, em João.”
Ser discípulo e seguidor de Jesus implica algo mais, implica numa prática, algo como que uma obrigação em apresentar a outros as maravilhas que Deus fez e faz em nossas vidas. É como que sentíssemos uma doce obrigação em apontar o caminho aos outros que vêm logo após a nós.
O melhor nessa perspectiva é a parte que se segue, isto é, a observação da constância na fé. Isto ocorre quando da morte de Jesus na cruz. Maria, constante na sua fé, permanece junto a Jesus na cruz. O momento de cruz é o momento em que os sinais, os milagres não são produzidos. Podemos dizer que é o momento de aridez onde não vemos mais as pompas. E, mesmo assim, Maria permanece fiel, em pé, firme, como coluna, como quem além de discípula, vê sua fé sendo provada no cadinho, e é, por isso elevada ao grau de pedagoga.
Em nosso tempo também podemos aprender dessa atitude de Maria: muitos somos provados e temos a fé em Cristo provada nos momentos de dificuldades. Perceber na figura de Maria a necessidade de permanecer fiel é ter a certeza que os momentos de dificuldades passarão e saber que a fé em Cristo já foi elevada a um outro grau, podemos dizer que a fé já está crescida, adulta e consciente.
Quando lemos o capítulo 12 do livro do Apocalipse ligamos, quase que instintivamente, à pessoa de Maria. Posso mostrar aqui uma foto da devoção mariana que surge da ligação da figura feminina deste capítulo do Apocalipse com Maria que é devotada no Equador onde há um monumento com mais de trinta metros de altura e é grande ponto turístico? (Aguardo resposta)

Edicarlos-Itesp disse...

Além de gestar, educar e nutrir Jesus, Maria está sintonizada com Jesus no início até o fim de sua caminhada, Maria não é somente aquela que segue Jesus, mas também é aquela que aponta caminhos para os discípulos. Maria é aquela que representa o grupo perseverante na caminhada não fugiu diante das crises e nem se sentiu intimidada frente à crucificação de seu filho. A teologia joanina mostra que a relação de Jesus e Maria já ultrapassa a maternidade além de outro aspecto importante do evangelista é o enfoque das mulheres em sua comunidade. Esse perseverar com Maria poder ser uma grande chave de leitura para aqueles que se deixam levar pelo relativismo pós-moderno e sempre buscam respostas imediatistas para resolução de seus problemas. A mãe de Jesus nos ensina a fidelidade ao discipulado até ultimas conseqüências. Ou mesmo, àquelas mães que tem seus filhos sugados pelo mundo dos vícios, do crime, e não encontram forças para lutar. Essa atitude de Maria pode ser um aporte para essas mães. Como diz: ”Che Guevara: os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira”. Acredito que Maria persevera não deixa morrer o projeto de seu filho, pois ela sabe que caminhada messiânica não termina na cruz. E assim, Maria da continuidade a essa missão messiânica acolhendo os membros da comunidade cristã como seus filhos. Neste sentido, Maria nossa mãe Maria poderá intervir junto ao Filho, pelos seus filhos.

Ti disse...

Diante dos estudos feitos em sala de aula, e da importância de termos que postar nosso comentário pessoal, sobre o que vimos e ouvimos, são de total relevância que gera em nosso contexto o papel da figura de Maria em nossa vida pessoal, da mesma forma que João nos mostra duas fases de Maria, o seu lugar na missão de Jesus, e também como ela contribui na comunidade de Jesus? Vemos claramente o papel de todas as mães que hoje sofrem com seus filhos perdidos muitas vezes nos vícios, na prostituição, numa vida desregrada diante de uma sociedade que nos faz refletir com mais carinho, e nos faz questionar qual seria o papel de Maria hoje em nossa sociedade? Ou até mesmo qual é o papel de tantas “Marias” que perdem seus filhos de uma forma tão injusta.
João recolhe a sua experiência de fé de sua comunidade e nos traz pontos que hoje também devemos apresentar como nossa experiência de fé para com os mais necessitados, e são a essas pessoas que devemos mostrar o exemplo de alguém que também perde seus filhos, a dor, as paixões, o sofrimento em silêncio, se compara com nossas mães que com a dor de não poder ajudar, de não poder gritar e proteger os seus, com o sofrimento do silêncio da falta de justiça, nos leva a compreender essa experiência de João, pode ser, que meu pensamento seja errôneo, porém, diante de tantas causas, vejo a figura de Maria estampada numa fila de espera em uma penitenciaria, aguardando a visita de seu amado, vejo estampada numa fila de hospital para poder ser atendida, vejo estampado o sofrimento de tantos que conseguem ver em Maria o modelo (apesar do devocionismo) exemplar de confiança e de discipulado na espera da descida da Cruz.
Através da Cruz que vejo cada mãe, ajoelhada esperando o momento certo de retirar os seus filhos desta cruz e colocá-los em seus colos, colo que amamenta, colo que sustenta, colo que dá esperança, e segurança.

Tiago Augusto Messias – ITESP – o DIOCESANO

Maicon Donizete Andrade Silva disse...

O modo como o Evangelho de João apresenta Maria é muito interessante. Apresentada no ínício e no final da vida pública de Jesus,Maria parece aprofundar a sua experiência como discípula e peregrina na fé apresentada no Evangelho de Lucas. Maria em João assume o seu papel de dicípula, mulher que está junto a Jesus, atenta às situações, sempre de pé, em atitude de prontidão, permanece de pé, do início ao fim. Essa deve ser a atitude do cristão. Estar sempre disponível, em toda situação como discípulo do mestre Jesus.

Maicon Donizete Andrade Silva - Aluno 3°Período Gestão Pastoral- ISTA

Unknown disse...

Maria ao pé da cruz traz para nós a perseverança da monotonia de ser cristão no dia a dia da luta e das exigências que encontramos na caminhada. É muito fácil ser cristão das grandes datas, mas o desafio é ser cristão na cotidianidade, nas mudanças que acontecem a todo momento. Maria é a mulher que esteve com seu filho e foi a perfeita discípula. O evangelista João faz questão de ressaltar, no início da missão de Jesus nas bodas de caná e aqui aos pé da cruz. Maria, presença materna na alegria e na dor, presença perseverante de discípula que nos ensina a caminhar nos passos do seu filho.
Maria nos ensine a caminhar sempre sem jamais desanimarmos, estarmos com Jesus nos desafios e nas conquistas, nos fracassos e nas vitórias. Ser cristão em todos os momentos.

césar Duarte disse...

Qual é o lugar de Maria na missão de Jesus? Podemos dizer ser a pergunta central sobre Maria no evangelho de João. Maria aparece duas vezes no evangelho de João. Primeiramente ela atua na realização do primeiro sinal de Jesus nas bodas de canã levando seus discípulos a acreditarem nele, segundamente Maria permanece junto à cruz, no momento da morte do senhor no final de sua missão nesse mundo. Permanece com Jesus e em Jesus. Em João, Maria é mais que mãe, é mulher. É apresentada como a discípula mãe da comunidade.

Osmar Caceres disse...

Que gesto maravilhoso! Que perseverança na fé! Semelhante mãe de semelhante Filho, ao pé da cruz contemplando o Filho crucificado. A Mãe está dolorosa, mas sem duvidar, sem magoa, sempre perseverante, corajosa e submissa á vontade de Deus.
Maria, Eis-nos aqui como Igreja peregrina na fé! Recebe-nos como teu filho e ensina-nos para sermos corajosos e perseverantes no seguimento de teu Filho Jesus.
Que o sofrimento e a dor não sejam motivos para ficarmos paralizados, mas que sejam acontecimentos da vida que nos levan a um maior compromisso com os que sofrem toda clase de exclusão.

Nascimento disse...

A coragem de seguir Jesus pede de cada discípulo determinação semelhante à de Maria que se faz presente nas alegrias (Cana) e nas dores (Cruz), com a mesma firmeza e determinação, disposta a ajudar e mantendo a esperança mesmo em situações de total desesperança. Nesse sentido ela é mesmo o protótipo da pessoa que permanece incondicionalmente fiel; isso porque conseguiu gerar dentro de si a esperança que transborda em testemunho.
Permita-me ousar, penso que mais que o discípulo amado, aquele pequeno grupo representa toda a comunidade cristã. Isso porque a garra das mulheres no momento de dor é sempre encantadora. Vejo no discípulo, mais que a representação masculina, percebo nele a potencial juvenil, capaz de sentir e encarar a alegria e a dor quando percebe coerência naquele ato.
Quando Jesus conjuga a força feminina com a potência juvenil, percebo a proposta clara para um ser humano integral, capaz de assumir a fé e entrar no caminho para o Reino.

Att,

Anselmo Nascimento, Sdb

Victor Torales disse...

Quando acordo todos os dias com ânimo e com abertura para me relacionar com as pessoas, às vezes, é-me jogado pela culatra, porque tudo mundo está na corriqueira sem se perceber o outro. E, quando saímos na rua, o que nos rodeia são publicidades, propagandas que dizem o que fazer, o que comprar, para onde ir, assim vai, nem sequer chegamos a enxergar os rostos das pessoas, tudo mundo passa sem perceber ao outro, mas sim as novidades que são colocadas nos cartazes. É isto que me angustia muitas vezes, porque parece que vamos perdendo a nossa identidade de ser social-relacional. Parece que a comunidade humana torna-se indiferente consigo mesma, aliás, a comunidade vai desaparecendo e o que fica é só uma massa. É aqui que a figura de Maria, apresentada pelo evangelista João, me dá esperanças. Maria é a mulher que perseverou até a cruz, e como cristão, o espírito que a sua figura nos traz, me anima a não perder a minha identidade cristã e a minha vocação de servo. E, atentos como Maria nas bodas de Caná, também é preciso que nós os cristãos, estejamos atentos aos sinais que nos indiquem o seguimento a Jesus Cristo, e também, através da nossa persistência, podamos ajudar a outros indicando caminhos que ajudem na trilha do caminhar.

girlan souza disse...

Em João vemos a figura de Maria em momentos cruciais como em Cana da Galiléia e junto á cruz de Jesus juntamente com o discipulo amado(João,situações opostas para aquela que gerou Jesus:No primeiro momento Maria é aquela que intervêm para que o vinho não falte naquele momento ápice da festa de casamento,já no segundo momento Maria é aquela que sofre junto com aqueles que perseveram até fim na missão de Jesus,mas que ao mesmo tempo é a Mãe da comunidade cristã que esta junto á cruz de Jesus,dois momentos que só uma mulher de fé,coragem e despredimento de si mesmo e capaz de realizar,porque souber muito bem compreender qual era seu papel e lugar no projeto de salvação que Jesus tinha junto humanidade,segundo o evangelista João.

Cristiano Andrade, mSC. disse...

Maria no evangelho de João é uma presença significativa de como deve ser o caminho realizado por todos que desejam seguir o mestre Jesus. No discipulado não existe meio termo. Há sim um apelo evidente de estar com Jesus desde o início até o final. Nesse evangelho é evidente o modelo transmitido por Maria a nós: ela é a peregrina na fé, que com seu caminho nos aponta para onde devemos caminhar junto a Jesus e se for necessário: ir até a cruz.

Fabián Tejeda, Martín Silva, Gonzalo Benavides disse...

A figura de Maria como todos os personagens, no evangelho de João, tem uma grande função simbólica. Acho interessante como o evangelista desenvolve uma mariologia no horizonte baseado tanto no horizonte da cristologia como no horizonte da eclesiologia. Ao contrário do que está sugerido no blog, acho que do relato das bodas de Caná não é muito provável que Maria se torne a pedagoga da fé e orientadora dos cristãos. Em Caná, não fica claro se Maria realiza um pedido, um reclamo, ou informa a Jesus sobre uma situação incómoda dos noivos. Me parece que o texto bíblico não sugere Maria como modelo do fiéis. O texto nos diz que foram seus discípulos quem creram nele (Jo.2, 11) e não Maria.
Não obstante, penso que a mariologia de João ao colocar Maria no começo da “vida pública” e no final da vida de Jesus tem um escopo muito interessante. Acho que o evangelista tem o intuito de simbolizar a caminhada feita por Maria. Antes de Caná, na vida de Jesus não houve nenhuma sinal pela qual Maria acreditasse em Jesus. A frase dita por Maria: “Eles não têm vinho”, mesmo que se tratasse de um pedido, um reclamo ou uma informação, transparece o desejo de Maria por transformar essa situação dolorosa. Maria, como assinala Johnson, não assume uma posição passiva, mas ativa em contra das dores dos celebrantes. A esperança de Maria depositada em Jesus ainda terá que ir amadurecendo no seguimento do seu Filho.
Só no final da vida de Jesus, enquanto Ele está morrendo é que João nos detalha o passo do horizonte cristológico ao horizonte eclesiológico de sua mariologia. O evangelho de João não nos apresenta Jesus na morte só. Aos pés de Jesus cravado na cruz está o discípulo amado simbolizando, no discípulo amado, à comunidade querida por Jesus. Essa comunidade recebe como madre Maria. Não se trata de uma maternidade física, mas apostólica. As relações parentais para Jesus, no evangelho de João, ao igual que os sinóticos, se estabelece em termo de discipulado. Ao final do caminho da vida de Jesus, Maria está aos pés da cruz formando parte da comunidade querida por Jesus. Sua missão de madre e pedagoga da fé começa trás a morte de seu Filho na medida que adquire um papel na história da salvação representando à comunidade de crentes.

Fabián Tejeda Tapia