O Papa Francisco, em
carta aos bispos da América Latina, diz que Aparecida é uma escola para aprender a seguir Jesus. E ele destaca
três características.
(1) Os pescadores:
são pessoas para encaram o dia a dia, enfrentando a
incerteza do rio. Vivem com a insegurança de não saber qual seria o “ganho” do
dia. Eles conhecem tanto a generosidade do rio, quanto a agressividade das
águas nas enchentes. Acostumados a enfrentar os desafios da vida com teimosia, não
deixam de lançar as redes. Esta imagem nos aproxima do centro da vida de tantos
irmãos nossos. Pessoas que, desde cedo
até a noite, saem para ganhar a vida, sem saber qual será o resultado. O que
mais dói é ver que enfrentam a dureza gerada por um dos pecados mais graves do
nosso Continente: a corrupção. Essa corrupção que arrasa com vidas, mergulhando-as
na mais extrema pobreza. Corrupção que destrói populações inteiras,
submetendo-as à precariedade. Como um câncer, vai corroendo a vida cotidiana de
nosso povo. E aí estão tantos irmãos nossos que, de maneira admirável, saem
para lutar contra este flagelo.
(2) A Mãe. Maria conhece bem
a vida de seus filhos. Está atenta e
acompanha a vida deles. Maria “vai onde não é esperada. No relato de Aparecida, nós a encontramos no
meio do rio, cercada de lama. Aí, espera seus filhos, está no meio de suas
lutas e buscas. Não tem medo de
mergulhar com eles nas situações difíceis da história e, se necessário,
sujar-se para renovar a esperança”. Maria aparece onde os pescadores lançam as
redes, ali onde as pessoas tentam ganhar a vida. Como mãe, está junto delas.
(3) O encontro. As redes se
encheram de uma presença que deu aos pescadores a certeza que eles não estavam
sós em sua labuta. Era o
encontro desses homens com Maria. Depois de limpar e restaurar a imagem, levaram-na
a uma casa onde ela permaneceu um bom tempo. Nesse lar os pescadores da região
iam ao encontro de Aparecida. “E essa presença se fez comunidade, Igreja. As redes não se encheram de peixes, se
transformaram em comunidade”.
Em Aparecida,
encontramos um povo forte e persistente. Consciente que suas redes, sua vida,
está cheia da presença Maria, que o anima a não perder a esperança. Uma
presença que se esconde no cotidiano, nesses silenciosos espaços nos quais o
Espírito Santo continua sustentando nosso Continente. Tudo isto nos apresenta sua mensagem, que
devemos acolher.
Para terminar, Francisco
nos diz: “viemos como filhos e como discípulos para escutar e aprender o que
hoje, 300 anos depois, este acontecimento continua nos dizendo. Aparecida não nos traz receitas, mas chaves,
critérios, pequenas grandes certezas para iluminar”. E sobretudo, acender o
desejo de voltar ao essencial da nossa fé. Amém!
Afonso Murad - Publicado na "Revista de Aparecida"
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