Uma
característica decisiva do seguidor(a) de Jesus é o compromisso de vida que se
prolonga no tempo, enfrentando as crises. Nas palavras do mestre: “permanecer
em mim e eu nele” (Jo 6,56; 15,4) ou “permanecer no meu amor” (Jo 15,9). Jesus
deseja estabelecer uma sintonia profunda, comunhão de mente e de coração com a
sua comunidade. Tal é o sentido da imagem da videira e dos ramos (15,1-11). “Se vocês permanecerem na minha palavra,
serão verdadeiramente meus discípulos. Vocês conhecerão a verdade, e a verdade
fará de vocês pessoas livres” (cf. Jo 8,31s). Trata-se de uma atitude constantemente
renovada: “Quem pretende permanecer nele,
deve também percorrer o caminho que Jesus andou” (1 Jo 2,6).
Maria
está junto à cruz de Jesus no dia de sua morte. Ela apareceu no início de
missão de Jesus, em Caná (Jo 2,1-11), levando seus discípulos a acreditarem
nele. Agora, volta de novo à cena. Dessa vez, no final de sua vida pública, mas
não há nenhum sinal extraordinário. Ao contrário, o momento da cruz desafia a
fé de qualquer um. Maria faz parte do pequeno grupo que perseverou, que não
fugiu no momento da perseguição e da crucifixão de Jesus. É a corajosa companheira
de Jesus, que permanece no seu amor.
Imaginamos que ela se manteve de pé, o que significa persistência e constância
na adesão.
Junto
com Maria há outras mulheres: sua irmã, Maria de Cléofas, e Madalena. Sobrou
somente um homem, o “discípulo amado”. Estas
pessoas seguem os passos de Jesus até o final, como seus discípulos,
companheiros e amigos (Jo 15,15).
Maria
permaneceu ao lado de Jesus na cruz porque andou no mesmo caminho dele, durante
toda a vida. No início, como mãe e educadora, ela dava a direção e orientava. Quando
Jesus se tornou adulto e partiu para a missão, Maria não ficou em casa curtindo
a saudade, nem interferiu na sua atuação. Ela participou da nova família de
Jesus, daqueles que escutavam sua palavra e a colocavam em prática (Lc 2,22).
Portanto, a presença junto da cruz é a culminância de um vínculo estabelecido
durante toda a vida.
Manter-se
junto à cruz é gesto silencioso e profundo. Quando a dor é muito grande e a
situação não tem explicação, não adianta falar. Basta a presença. Maria, as
mulheres e o discípulo amado são os únicos que perseveram nesta situação tão difícil. Permanecem com Jesus e em
Jesus, em público. Participam dos riscos e do escândalo de sua morte de cruz.
Maria,
ensina-nos a andar no caminho de Jesus.
Mantém-nos junto a Ele, perseverantes nas crises e dificuldades! Amém!
Texto: Afonso Murad - Folheto O Domingo
Imagem: representação africana da cena da cruz
Nenhum comentário:
Postar um comentário