Maria de Nazaré sonhava em ser mãe, como era
costume no seu tempo. Quando recebeu o anúncio do anjo de Deus, ficou surpresa
e feliz! Após diálogo e reflexão, aceitou com inteireza o convite de Deus (Lc
1,38). E assim, o Filho de Deus se fez humano como nós, em Jesus de Nazaré (Jo
1,18). Maria e José exerceram sua missão de pais e educadores com muito zelo. Conta-se
que José faleceu antes que Jesus partisse em missão. E quando o mestre
caminhava pelas vilas e cidades, Maria ia junto com seus seguidores e
seguidoras.
Numa sexta-feira, em Jerusalém, aconteceu o momento mais triste de
sua vida. Jesus, filho único e tão querido, foi condenado à morte injustamente
e terminou sua vida de forma horrível, na cruz. Maria deve ter pensado: acabou
o meu sonho de mãe!
Mas então, ocorreu algo extraordinário. Jesus
delegou para ela a missão de mãe da
comunidade! Disse para o discípulo amado: “Eis aí a tua mãe” (Jo 19,27). Seria
uma adoção recíproca. Maria entendeu. Agora ela não cuidaria somente de um
filho, mas sim de todos os seguidores de Jesus. O texto bíblico diz
literalmente: “a partir daquela hora o discípulo a recebeu naquilo que era
seu”, ou seja, na totalidade de sua pessoa. Na morte e ressurreição de Jesus
ela se torna a nossa Mãe.
Desde criança, Lena sonhava em ser mãe. Trabalhava
como enfermeira. Casou-se e teve um filho. Eles formavam uma família
encantadora. O rapaz frequentava a faculdade, tinha um bom emprego e estava
namorando. Lena pensou que sua missão materna estava realizada. Faltava somente
um netinho. Mas o filho único morreu num acidente de carro. Um grande sonho
acabou! O que vai seria dela agora, como mãe?
Em seu trabalho, Lena via as adolescentes
grávidas que faziam acompanhamento pré-natal. Certo dia, encontrou uma delas e
percebeu como a menina de 14 anos estava confusa e desemparada. Não tinha
emprego nem condições de preparar o enxoval do futuro bebê. Então, Lena
redescobriu sua vocação de mãe: ela iria ajudar a menina a reconstruir sua
vida. Começou a concretizar o novo sonho de mãe. Conversou com algumas amigas e
elas recolhiam material reutilizado para bebês, como berços e carrinhos. Dedicou-se
a escutar as mulheres grávidas e ajudá-las. A iniciativa se consolidou com uma
Associação de proteção às adolescentes e mulheres grávidas na sua cidade. Lena
diz: “hoje sou a mãe de muitas mulheres. Aprendi a trata-las como pessoas a serem
valorizadas. A associação é uma comunidade de mulheres que se ajudam. Quem já
passou pela experiência, fortalece as outras”.
Como Lena, Maria expandiu sua
maternidade. Mais ainda. Tornou-se a mãe de todos. Hoje, na comunhão dos
santos, podemos contar com Maria. A ela recorremos, confiantes, e provamos sua
presença materna.
Afonso Murad - Publicado no folheto ODomingo
Imagem: Filme "Paixão de Cristo"
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